ATOS 1 – INTRODUÇÃO
1, Em meu primeiro livro, caro Teófilo, escrevi a respeito de tudo o que Jesus começou a realizar e a ensinar,
2, até o dia em que foi elevado aos céus, logo após haver entregue seus mandamentos, por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que havia escolhido.
3, Depois do seu martírio, Jesus apresentou-se a eles e deu-lhes muitas provas incontestáveis da sua ressurreição. Aparecendo-lhes por um período de quarenta dias seguidos e ensinando-lhes acerca do Reino de Deus.
4, Certa ocasião, enquanto ceava com eles, ordenou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que aguardassem a promessa do Pai, a qual, salientou Ele: “De mim ouvistes!
5, Porquanto João, de fato, batizou com água, entretanto dentro de poucos dias vós sereis batizados com o Espírito Santo”.
A ascensão de Jesus Cristo
6, Então, os que se haviam reunido lhe consultaram: “Senhor, será este o tempo em que restaurarás o Reino a Israel?”
7, Ele lhes afirmou: “Não vos compete saber as épocas ou as datas que o Pai estabeleceu por sua exclusiva autoridade.
8, Contudo, recebereis poder quando o Espírito Santo descer sobre vós, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra!”
9, Tendo dito estas palavras, foi Jesus elevado às alturas enquanto eles o contemplavam, até que uma nuvem o encobriu da vista deles.
10, E aconteceu que estando eles com os olhos fixos no céu, enquanto Ele subia, surgiram junto deles dois homens vestidos de branco,
11, que lhes comunicaram: “Homens galileus, por que estais contemplando as alturas? Esse Jesus, que dentre vós foi elevado ao céu, retornará do mesmo modo como o viste subir”.
A escolha do apóstolo Matias
12, Então, eles voltaram para Jerusalém, vindo do monte chamado das Oliveiras, que fica próximo a Jerusalém, à distância de cerca de um quilômetro.
13, Assim que chegaram, subiram a um grande aposento onde se hospedavam. Estavam presentes: Pedro e João, Tiago e André, Felipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago.
14, Todos estes, perseveravam unânimes em oração, juntamente com as mulheres, com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele.
15, Naqueles dias, sendo o número de pessoas ali reunidas cerca de cento e vinte, Pedro se levantou no meio dos irmãos e declarou:
16, “Irmãos, era necessário que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo predisse por meio da boca de Davi, acerca de Judas, que serviu de guia aos que prenderam Jesus.
17, Ele foi contado como um dos nossos e teve parte neste ministério”.
18, Com o pagamento que recebeu pelo seu pecado, Judas comprou um campo. Ali caiu de cabeça, seu corpo partiu-se ao meio, e as suas vísceras todas se derramaram.
19, Todos em Jerusalém ficaram sabendo desse fato; de maneira que, na própria língua deles, essas terras passaram a se chamar Aceldama, que significa: Campo de Sangue.
20, “Porquanto”, continuou Pedro, “está escrito no Livro de Salmos:‘Fique deserto o seu lugar, e não haja ninguém que nele habite’; e ainda: ‘Que outro ocupe o seu lugar’”.
21, Sendo assim, é preciso que escolhamos um dos homens que estiveram conosco durante todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu entre nós,
22, desde o batismo de João até o dia em que Jesus foi elevado dentre nós ao céu. É fundamental que um deles seja conosco testemunha de sua ressurreição.
23, Então, propuseram dois nomes: José, chamado Barsabás, também conhecido como Justo, e Matias.
24, E, orando, afirmaram: “Tu, Senhor, que conheces o coração de todas as pessoas, mostra-nos qual destes dois homens tens escolhido
25, para assumir a vaga neste ministério e apostolado, do qual Judas se desviou, indo para o lugar que lhe era devido”.
26, Em seguida, lançaram sortes quanto a eles e a sorte caiu sobre Matias; assim, ele foi acrescentado aos onze apóstolos.
ATOS 2 – DIA DE PENTECOSTES
1, E ao completar-se o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos num só lugar.
2, De repente, veio do céu um barulho, semelhante a um vento soprando muito forte, e esse som tomou conta de toda a Casa onde estavam assentados.
3, Então, todos viram distribuídas entre eles línguas de fogo, e pousou uma sobre cada um deles.
4, E todas as pessoas ali reunidas ficaram cheias do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, de acordo com o poder que o próprio Espírito lhes concedia que falassem.
5, Ora, estavam morando em Jerusalém, judeus, tementes a Deus, vindos de todas as partes do mundo.
6, Ao ouvirem aquele estrondo, ajuntou-se um grande número de pessoas; e ficaram maravilhados, pois cada um ouvia falar em sua própria língua.
7, Perplexos e admirados comentavam uns com os outros: “Porventura, não são galileus todos esses que estão falando?
8, Como, então, cada um de nós os ouve falar em nossa própria língua materna?
9, Nós que somos partos, medos e elamitas; habitantes da Mesopotâmia, Judeia e Capadócia, do Ponto e da província da Ásia,
10, Frígia e Panfília, Egito e das partes da Líbia próximas a Cirene, e romanos que estão morando aqui, tanto judeus como convertidos ao judaísmo;
11, cretenses e árabes, todos nós os ouvimos discursar sobre as grandes realizações de Deus em nossa própria língua!”
12, E todos estavam absolutamente assustados e confusos, perguntando uns aos outros: “O que significa tudo isto?”
13, Entretanto, outros, para ridicularizá-los, exclamavam: “Esses estão cheios de vinho novo!”
A ministração de Pedro
14, E aconteceu que, colocando-se em pé, juntamente com os Onze, Pedro tomou a palavra e, em alta voz, pregou à multidão reunida: “Homens judeus e todos os que habitais em Jerusalém, permitais que vos esclareça o que se passa! Dai, pois, atenção às minhas palavras.
15, Estes homens não estão embriagados, como pensais. Até porque são apenas nove horas da manhã.
16, Muito diferente disto. O que está ocorrendo foi predito pelo profeta Joel:
17, ‘Nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre todos os povos, os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões, os velhos terão sonhos.
18, Sobre os meus servos e as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão.
19, Mostrarei maravilhas em cima, no céu, e sinais embaixo, na terra: sangue, fogo e nuvens de fumaça.
20, O sol se tornará em trevas e a lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso Dia do Senhor.
21, E todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo!’.
22, Israelitas, escutai estas palavras: Jesus de Nazaré, homem aprovado por Deus diante de vós por meio de milagres, feitos portentosos e muitos sinais, que Deus por meio dele realizou entre vós, como vós mesmos bem sabeis,
23, este homem vos foi entregue por propósito determinado e pré-conhecimento de Deus; mas vós, com a cooperação de homens perversos, o assassinaram, pregando-o numa cruz.
24, Contudo, Deus o ressuscitou dos mortos, rompendo os laços da morte, porque era impossível que a morte o retivesse.
25, A respeito dele afirmou Davi: ‘Eu sempre via o Senhor diante de mim. Porque está à minha direita.
26, Por esse motivo, o meu coração está alegre e a minha língua exulta; o meu corpo também repousará em esperança,
27, porque tu não me abandonarás no sepulcro, nem permitirás que o teu Santo sofra decomposição.
28, Tu me fizeste conhecer os caminhos da vida e me encherás de alegria na tua presença’.
29, Caros irmãos, concedei-me a licença de falar-vos com toda franqueza que o patriarca Davi morreu e foi sepultado, e o seu túmulo está entre nós até o dia de hoje.
30, Todavia, ele era profeta e sabia que Deus lhe prometera sob juramento que colocaria um dos seus descendentes em seu trono.
31, Antevendo isso, profetizou sobre a ressurreição do Cristo, que não foi abandonado no sepulcro e cujo corpo não sofreu decomposição.
32, Deus ressuscitou este Jesus, e todos nós somos testemunhas deste fato.
33, Exaltado à direita de Deus, Ele recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e derramou o que vós agora vedes e ouvis.
34, Porquanto, Davi não foi elevado aos céus, mas ele mesmo declarou: ‘O Senhor disse ao meu Senhor: Senta-te à minha direita
35, até que Eu ponha os teus inimigos como estrado para os teus pés’.
36, Sendo assim, que todo o povo de Israel tenha absoluta certeza disto: Este Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Messias!”
Os primeiros cristãos
37, Ao ouvirem tais palavras, ficaram agoniados em seu coração, e desejaram saber de Pedro e dos outros apóstolos: “Caros irmãos! O que devemos fazer?”
38, Orientou-lhes Pedro: “Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em o nome de Jesus Cristo para o perdão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.
39, Porquanto a promessa pertence a vós, a vossos filhos e a todos os que estão distantes. Enfim, para todos quantos o Senhor, nosso Deus, chamar!”
40, E com muitas outras palavras dava seu testemunho pessoal e os encorajava, proclamando: “Sede salvos desta geração que perece!”
41, Assim, todos quantos aceitaram a sua palavra foram batizados; e naquele mesmo dia juntaram-se a eles cerca de três mil pessoas.
Como viviam os novos cristãos
42, Eles perseveravam no ensino dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.
43, E na alma de cada pessoa havia pleno temor, e muitos feitos extraordinários e sinais maravilhosos eram realizados pelos apóstolos.
44, Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum.
45, Vendiam suas propriedades e bens, e dividiam o produto entre todos, segundo a necessidade de cada um.
46, Diariamente, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração,
47, louvando a Deus por tudo e sendo estimados por todo o povo. E, assim, a cada dia o Senhor juntava à comunidade as pessoas que iam sendo salvas.
ATOS 3 – CURA DO MENDIGO PARALÍTICO
1, Certa ocasião, Pedro e João estavam subindo ao templo na hora da oração, isto é, às três horas da tarde.
2, E aconteceu que um homem, aleijado de nascença, estava sendo carregado para um dos portões do templo, chamado Portão Formoso. Todos os dias o colocavam ali para pedir esmolas aos que entravam no templo.
3, Quando viu que Pedro e João iam entrar no templo, pediu que lhe dessem um donativo.
4, Fixando nele o olhar, Pedro, em companhia de João, disse: “Olha para nós!”
5, E o homem olhou para eles com atenção, na expectativa de receber deles alguma ajuda.
6, Então, afirmou-lhe Pedro: “Não possuo prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em o Nome de Jesus Cristo, o Nazareno, ergue-te e anda!”
7, E, segurando-o pela mão direita, ajudou-o a levantar-se e, naquele mesmo instante, os pés e tornozelos do homem ficaram firmes.
8, E de um salto pôs-se em pé e começou a andar. Logo em seguida, entrou com eles no pátio do templo, andando, saltando e louvando a Deus.
9, Quando todo o povo o viu andando e adorando a Deus,
10, reconheceu que era ele, aquele mesmo homem que estivera prostrado junto ao Portão Formoso do templo; e ficaram plenos de temor e perplexidade com o que lhe acontecera.
A severa pregação de Pedro
11, Apegando-se o mendigo a Pedro e João, todo o povo correu maravilhado para junto deles, num lugar chamado Pórtico de Salomão.
12, Ao perceber isso, Pedro exclamou ao povo: “Varões de Israel, por que vos admirais a respeito disso? Por que estais olhando para nós, como se tivéssemos feito este homem andar por nosso próprio poder ou santidade?
13, O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus dos nossos antepassados, glorificou a seu Servo Jesus, a quem vós entregastes para ser morto e, diante de Pilatos, o rejeitastes, quando este havia decidido soltá-lo.
14, Todavia, vós negastes publicamente o Santo e Justo, e pedistes que um assassino fosse libertado.
15, Vós matastes o Autor da vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos. E nós somos testemunhas deste fato.
16, Pela fé em o Nome de Jesus, o Nome curou este homem que aqui vedes e bem o conheceis; sim, a fé que vem por meio de Jesus deu a este, agora, saúde perfeita, como todos podem observar.
17, Contudo, irmãos, eu sei que o que vós e vossos líderes fizeram com Jesus foi sem o perfeito conhecimento do que estavam praticando.
18, Entretanto, foi desta forma que Deus cumpriu o que tinha predito por todos os profetas, anunciando que o seu Cristo haveria de sofrer.
19, Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos para que assim sejam apagados os vossos pecados,
20, de modo que da presença do Senhor venham tempos de refrigério, e Ele envie o Cristo, que já vos foi previamente designado: Jesus.
21, É necessário que Jesus permaneça no céu até que chegue o tempo em que Deus restaurará todas as coisas, conforme já decretou há muito tempo, por intermédio dos seus santos profetas.
22, Porquanto declarou Moisés: ‘O Senhor Deus levantará dentre vossos irmãos um profeta como eu; a Ele ouvireis em tudo que vos ordenar.
23, E acontecerá que toda pessoa que não ouvir esse profeta será exterminada dentre o povo’.
24, Em verdade, todos os profetas, de Samuel em diante, um por um, pregaram e predisseram estes dias.
25, E vós sois os herdeiros dos profetas e da aliança que Deus estabeleceu com vossos antepassados. Ele declarou a Abraão: ‘Por meio da sua descendência, todos os povos da terra serão abençoados’.
26, Sendo assim, tendo Deus ressuscitado o seu Servo, enviou-o primeiramente para vós, a fim de abençoá-los, convertendo cada um de vós das vossas vidas pecaminosas”. P
ATOS 4 – PEDRO E JOÃO SÃO PRESOS
1, Enquanto Pedro e João estavam falando ao povo, chegaram os sacerdotes, o capitão dos guardas do templo e os saduceus.
2, Eles estavam muito perturbados porque os apóstolos estavam ensinando o povo e proclamando em Jesus a ressurreição dos mortos.
3, Então, prenderam Pedro e João e os lançaram ao cárcere até o dia seguinte, pois já estava anoitecendo.
4, Entretanto, muitos dos que tinham ouvido a pregação aceitaram a Palavra, chegando o número dos homens que creram próximo de cinco mil.
5, No dia seguinte, reuniram-se em Jerusalém as autoridades, os líderes religiosos e os mestres da lei.
6, Estavam reunidos Anás, o sumo sacerdote, bem como Caifás, João, Alexandre e todos os que eram da família do sumo sacerdote.
7, Ordenaram que Pedro e João fossem trazidos à presença deles e começaram a interrogá-los: “Com que poder ou em nome de quem fizestes isso?”
8, Então Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes declarou: “Autoridades e líderes do povo!
9, Visto que hoje somos questionados em relação a um ato de caridade praticado a favor de um homem doente e sobre o modo como foi curado,
10, tomai conhecimento, vós todos e todo o povo de Israel, de que, em o Nome de Jesus Cristo, o nazareno, aquele a quem vós crucificastes, porém a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, sim, por intermédio desse Nome é que este homem está aqui, diante de vós, plenamente curado!
11, Este Jesus é ‘a pedra que foi rejeitada por vós, os construtores, a qual foi posta como pedra angular’.
12, E, portanto, não há salvação em nenhum outro ente, pois, em todo universo não há nenhum outro Nome dado aos seres humanos pelo qual devamos ser salvos!”
13, Observando a coragem de Pedro e de João, e tendo notado que eram homens simples e iletrados, ficaram perplexos e reconheceram que eles haviam convivido com Jesus.
14, Além disso, como podiam constatar diante de seus olhos a presença daquele homem, em pé, que fora curado, nada podiam alegar contra eles.
15, E, por isso, ordenaram que se retirassem do Sinédrio e começaram a discutir entre si,
16, argumentando: “Que faremos a estes homens? Pois todos os habitantes de Jerusalém sabem que por meio deles foi realizado um sinal miraculoso comprovado, o qual não temos como negar.
17, Todavia, para que isso não se divulgue ainda mais entre o povo, vamos intimidá-los, exigindo que a ninguém mais falem sobre este Nome”.
18, Então, convocando-os novamente, ordenaram-lhes que não falassem, tampouco ensinassem em o Nome de Jesus.
19, Contudo, Pedro e João propuseram-lhes: “Julgai vós mesmos se é justo diante de Deus obedecer a vós mais do que a Deus.
20, Pois não podemos deixar de falar de tudo quanto vimos e ouvimos!”
21, E, os ameaçando ainda mais, os deixaram ir, pois não conseguiram encontrar motivo algum para castigá-los e o povo estava extasiado, louvando a Deus pelo que acontecera;
22, pois o homem em quem se operara aquela cura milagrosa tinha mais de quarenta anos.
Como os primeiros cristãos oravam
23, Assim que foram soltos, Pedro e João buscaram a companhia dos seus amigos e contaram tudo o que os chefes dos sacerdotes e os líderes religiosos lhes haviam dito.
24, Ao ouvirem esse relato, os irmãos unânimes elevaram a voz a Deus e exclamaram: “Ó Todo-Poderoso Senhor, Tu que fizeste o céu e a terra, o mar e tudo o que neles existe;
25, que, pelo Espírito Santo, por boca de nosso pai Davi, teu servo, declaraste: ‘Por que os gentios se enfurecem, e os povos conspiram em vão?
26, Os reis da terra se levantam, e os governantes se ajuntam em oposição ao Senhor e contra o seu Ungido’.
27, De fato, Herodes e Pôncio Pilatos reuniram-se com as nações pagãs e os povos de Israel nesta cidade, para conspirar contra o seu Santo Servo Jesus, a quem ungiste.
28, Realizaram tudo o que, em teu poder e sabedoria, já havia predeterminado que aconteceria.
29, Agora, pois, ó Senhor, considera as ameaças deles e capacita os teus servos para proclamarem a tua Palavra com toda a intrepidez.
30, Estende a tua mão para curar e realizar sinais e maravilhas por meio do Nome do teu Santo Servo Jesus!”
31, E assim que terminaram de orar, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram plenos do Espírito Santo e, com toda a coragem saíram anunciando a Palavra de Deus.
A vida da Igreja de Cristo
32, E da multidão dos que creram, um só era o sentimento e a maneira de pensar. Ninguém considerava exclusivamente seu os bens que possuía, mas todos compartilhavam tudo entre si.
33, Com grande poder os apóstolos continuavam a pregar, testemunhando da ressurreição do Senhor, e maravilhosa graça estava sobre todos eles.
34, Não havia uma só pessoa necessitada entre eles, pois os que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro da venda
35, e o depositavam aos pés dos apóstolos, que por sua vez, o repartiam conforme a necessidade de cada um.
A oferta de José Barnabé
36, Então José, um levita natural de Chipre, a quem os apóstolos deram o sobrenome de Barnabé, que significa “filho da consolação”,
37, sendo proprietário de um campo, vendendo-o, trouxe o dinheiro da venda e o colocou junto aos pés dos apóstolos. A oferta de Ananias e Safira
ATOS 5 – A OFERTA DE ANANIAS E SAFIRA
1, Entrementes, um certo homem chamado Ananias, com sua esposa Safira, também vendeu uma propriedade.
2, Mas ele reteve parte do dinheiro da venda para si, tendo conhecimento disso também sua esposa. Ele levou a parte restante e a depositou aos pés dos apóstolos.
3, Então, indagou-lhe Pedro: “Ananias, por que permitistes que Satanás encheste o teu coração, induzindo-te a mentir ao Espírito Santo para que ficasses com parte do valor do terreno?
4, Mantendo-o contigo, porventura não continuaria teu? E vendido, não estaria todo o dinheiro em teu poder? Como pudestes permitir que tais ideias dominassem tua vontade?
5, Ao ouvir esta admoestação, Ananias caiu morto. Então, grande temor tomou conta de todos os que souberam do que havia acontecido.
6, E, alguns jovens tomaram a iniciativa de cobri-lo, carregaram-no para fora e o sepultaram.
7, Cerca de três horas mais tarde entrou sua esposa, sem saber o que havia se passado.
8, E Pedro a questionou: “Dize-me, vendestes por este preço aquelas terras? Ela confirmou: “Sim, por este preço!”
9, Então Pedro a repreendeu: “Por que vós entrastes em acordo para tentar o Espírito do Senhor? Eis que estão aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e eles a levarão também”.
10, Naquele mesmo instante, ela caiu morta aos pés de Pedro. Então, aqueles jovens entraram e, encontrando-a morta, levaram-na e a sepultaram ao lado de seu marido.
11, E grande temor se apoderou de toda a igreja e de todos os que ouviram falar sobre esses acontecimentos.
Os sinais dos apóstolos
12, Muitos sinais e maravilhas eram realizados entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E todos os que creram costumavam reunir-se, em comunhão, junto ao Pórtico de Salomão.
13, Todavia, ninguém de fora tinha coragem de juntar-se a eles, ainda que o povo os tivesse em grande estima.
14, Em número cada vez maior, homens e mulheres criam no Senhor e eram acrescentados à comunidade,
15, a ponto de os doentes serem levados para as ruas e colocados em leitos e macas para que, quando Pedro passasse, ao menos sua sombra se projetasse sobre alguns deles.
16, Da mesma forma, das cidades ao redor, vinha muita gente a Jerusalém, trazendo doentes e pessoas atormentadas por espíritos demoníacos, e todos eram libertos.
Os apóstolos são presos e libertos
17, Então, o sumo sacerdote e todos os seus correligionários, membros do partido dos saduceus, foram tomados de grande inveja.
18, E, por isso, mandaram prender os apóstolos, jogando-os numa prisão pública.
19, Todavia, durante a noite um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere, conduziu-os para fora e
20, instruiu-lhes: “Ide, apresentai-vos no templo e anunciai às multidões todas as palavras da Salvação!”
21, Assim, ao raiar do dia, eles entraram no pátio do templo, como haviam sido orientados, e começaram a pregar ao povo. De outro lado, chegando o sumo sacerdote e os seus companheiros, imediatamente convocaram o Sinédrio, ou seja, toda a assembleia dos principais líderes de Israel, e mandaram buscar os apóstolos na prisão.
22, Entretanto, ao chegarem à prisão, os guardas não os encontraram ali. Então voltaram e comunicaram:
23, “Encontramos o cárcere fechado com toda a segurança e as sentinelas nos seus postos junto às portas; mas, abrindo-as, a ninguém encontramos lá dentro!”
24, Diante desse relato, o capitão da guarda do templo e os chefes dos sacerdotes ficaram atônitos, imaginando o que poderia ter acontecido com os apóstolos.
25, Nesse momento, chegou alguém com a notícia: “Eis que os homens que recolhestes à prisão, estão no pátio do templo, ensinando ao povo!”
26, Então, o capitão foi com os guardas e os trouxe outra vez, porém sem violência, pois temiam ser apedrejados pela multidão.
27, E, depois de trazê-los, os apresentaram ao Sinédrio. E o sumo sacerdote os interrogou:
28, “Não vos ordenamos expressamente que não pregásseis nesse Nome? Contudo, enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina e quereis lançar sobre nós a culpa pelo sangue desse homem?”
29, Ao que Pedro e os demais apóstolos afirmaram: “É necessário que primeiro obedeçamos a Deus, depois às autoridades humanas.
30, O Deus de nossos antepassados ressuscitou a Jesus, a quem vós assassinastes, crucificando-o num madeiro.
31, Deus, no entanto, o exaltou, elevando-o à sua direita, como Príncipe e Salvador, a fim de dar a Israel arrependimento e perdão de pecados.
32, Ora, nós somos testemunhas destes fatos, bem como o Espírito Santo, que Deus concedeu aos que são obedientes a Ele!”
A sabedoria de Gamaliel
33, Ao ouvir estas palavras, eles muito se enfureceram e queriam matá-los.
34, Então, certo fariseu chamado Gamaliel, doutor da lei, respeitado por todas as pessoas, levantou-se no Sinédrio e pediu que aqueles homens fossem retirados por um momento.
35, E prosseguiu dizendo: “Caros israelitas, considerai com toda cautela o que estais para decidir fazer a estes homens.
36, Porquanto, há algum tempo surgiu Teudas, pregando ser alguém, e aproximadamente quatrocentos homens se juntaram a ele. Todavia, ele foi morto e todos os seus seguidores se dispersaram e acabaram em nada.
37, Depois dele, na época do recenseamento, apareceu Judas, o galileu, que liderou um grupo revolucionário. Ele, da mesma forma foi morto, e todos os seus companheiros se espalharam.
38, Contudo, neste caso, vos advirto: afastai-vos destes homens e deixai-os seguir em paz. Pois, se a obra ou o propósito deles for de origem meramente humana, perecerá.
39, Se, todavia, proceder de Deus não conseguireis jamais impedi-los, pois vos achareis em guerra contra Deus!”
40, E as palavras de Gamaliel convenceram a eles. Então, mandaram trazer os apóstolos e ordenaram que fossem açoitados. Depois, exigiram-lhes que não mais falassem no Nome de Jesus e os deixaram sair em liberdade.
41, Os apóstolos se retiraram do Sinédrio, contentes por haverem sido considerados dignos de serem humilhados por causa do Nome.
42, E, todos os dias no templo, bem como de casa em casa, não deixavam de pregar e ensinar que Jesus Cristo é o Messias.
ATOS 6 – A ESCOLHA DOS SETE DIÁCONOS
1, Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número de discípulos, houve uma queixa entre eles. Os judeus helenistas protestaram contra os judeus de fala hebraico-aramaica, porque suas viúvas não estavam sendo atendidas na distribuição diária de alimentos.
2, Então, os Doze reuniram todos os discípulos e propuseram: “Não é sensato negligenciarmos o ministério da Palavra de Deus, a fim de servir às mesas.
3, Portanto, irmãos, escolhei dentre vós Sete homens de bom testemunho, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste ministério.
4, Quanto a nós, nos devotaremos à oração e ao ministério da Palavra.
5, Tal proposta agradou a todos. Então, escolheram Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, além de Filipe, Prócoro, Nicanor, Timom, Pármenas e Nicolau, um convertido ao judaísmo, proveniente de Antioquia.
6, Apresentaram-nos diante dos apóstolos, os quais oraram e lhes impuseram as mãos.
7, E a Palavra de Deus era divulgada, de modo que se multiplicava grandemente o número dos discípulos em Jerusalém; inclusive, muitos sacerdotes obedeciam a fé.
Estevão é levado ao Sinédrio
8, Estevão, homem cheio de graça e do poder de Deus, realizava prodígios e sinais milagrosos entre as multidões.
9, Entretanto, levantaram-se alguns que pertenciam à chamada sinagoga dos Libertos, dos judeus de Cirene e de Alexandria, assim como das províncias da Cilícia e da Ásia. E, estes homens começaram a discutir com Estevão;
10, contudo, não podiam resistir a sabedoria e ao Espírito com que ele argumentava.
11, Sendo assim, subornaram alguns outros homens para o caluniarem: “Nós o temos ouvido proferir palavras ultrajantes contra Moisés e contra Deus!”
12, Com isso, conseguiram incitar o povo, os líderes religiosos e os mestres da lei. E, prendendo Estevão, conduziram-no à presença do Sinédrio.
13, Ali apresentaram falsas testemunhas que alegavam: “Este homem não pára de proferir blasfêmias contra este santo lugar e contra a lei.
14, Porquanto nós o temos ouvido proclamar que esse Jesus de Nazaré destruirá este lugar e mudará as tradições que Moisés nos legou!”
15, Então, todos os que estavam assentados no Sinédrio, ao fixarem seus olhos em Estevão, viram que seu rosto parecia como o rosto de um anjo.
ATOS 7 – O DEPOIMENTO DE ESTEVÃO
1, Então, o sumo sacerdote interpelou a Estevão: “Porventura são verdadeiras estas acusações contra ti?”
2, Diante disso, declarou Estevão: “Caros irmãos e pais, ouvi-me com atenção! O Deus da glória apareceu a Abraão, nosso pai, estando ele ainda na Mesopotâmia, antes de morar em Harã, e lhe ordenou:
3, ‘Sai da tua terra e da comunidade dos teus parentes e vai para a terra que Eu te mostrarei’.
4, Então, ele saiu da terra dos caldeus e se estabeleceu em Harã. Após a morte de seu pai, Deus o trouxe para esta terra em que vós agora habitais.
5, Nela, Deus não lhe deu nenhuma herança, nem ao menos o espaço de um pé. Todavia, prometeu que lhe daria a terra como herança, e mesmo depois dele à sua descendência, quando ele ainda não tinha nenhum filho.
6, E Deus lhe falou desta forma: ‘Teus descendentes serão peregrinos numa terra estrangeira e serão escravizados e maltratados por mais de quatrocentos anos.
7, Contudo, Eu punirei a nação a quem servireis como escravos e, depois disso, saireis livres dali e me adorareis neste lugar’.
8, E assim, concedeu a Abraão a aliança da circuncisão. Por esse motivo, Abraão gerou a Isaque e o circuncidou oito dias após o seu nascimento. Mais tarde, Isaque gerou Jacó, e este os doze patriarcas.
9, Os patriarcas dominados por forte inveja de José, venderam-no como escravo para o Egito. Apesar de tudo, Deus estava com ele
10, e o livrou de todas as suas tribulações, dando a José graça e sabedoria diante do faraó, rei do Egito e de todo o seu palácio.
11, Mais tarde, sobreveio um tempo de fome em todo o Egito e em Canaã, o que trouxe grande sofrimento, e os nossos antepassados não encontravam o que comer.
12, Porém, tendo ouvido que no Egito havia trigo, Jacó enviou nossos antepassados para lá pela primeira vez.
13, E, na segunda viagem deles, José se revelou a seus irmãos, e a sua família foi conhecida pelo faraó.
14, E aconteceu que José mandou chamar a seu pai Jacó e a todos os seus parentes: setenta e cinco pessoas.
15, Assim, pois, desceu Jacó até o Egito e ali morreu ele e também nossos pais.
16, Seus corpos foram trasladados de volta a Siquém e depositados no túmulo que Abraão ali comprara por certo preço em prata, dos filhos de Hamor.
17, Ao se aproximar o tempo em que Deus cumpriria sua promessa a Abraão, nosso povo cresceu em número e multiplicou-se no Egito.
18, Então, outro rei, que não conhecia a história de José, passou a governar o Egito.
19, Ele agiu de forma traiçoeira contra nosso povo e oprimiu os nossos antepassados, a ponto de obrigá-los a abandonar seus próprios recém-nascidos, a fim de que não sobrevivessem.
20, E foi naquela época que nasceu Moisés, que era um menino extraordinário aos olhos de Deus. Por três meses, ele foi criado na casa de seu pai.
21, Entretanto, quando teve de ser abandonado, a filha do faraó o tomou e o criou como seu próprio filho.
22, E assim, Moisés foi educado em toda a sabedoria dos egípcios e tornou-se um homem poderoso em palavras e obras.
23, Quando completou quarenta anos, Moisés decidiu visitar seus irmãos israelitas.
24, Ao presenciar um deles sendo maltratado por um egípcio, saiu em defesa da vítima e vingou-se, matando o egípcio.
25, Moisés pensou que seus irmãos entenderiam que Deus o estava dirigindo para libertá-los, mas eles não o compreenderam.
26, No dia seguinte, Moisés dirigiu-se a dois israelitas que estavam brigando, e tentou reconduzi-los à paz, argumentando: ‘Homens! Vós sois irmãos; por que agridem um ao outro?’.
27, Todavia, o homem que maltratava o outro empurrou Moisés e exclamou: ‘Quem te constituiu autoridade e juiz sobre nós?
28, Acaso queres assassinar-me, como fizeste ontem com aquele egípcio?’.
29, Ao ouvir estas palavras, Moisés fugiu para Midiã, onde ficou vivendo como estrangeiro e foi pai de dois filhos.
30, Então se passaram mais quarenta anos, quando apareceu a Moisés um anjo no deserto, próximo ao monte Sinai, em meio às labaredas de um espinheiro que queimava.
31, Ao contemplar aquela cena ficou perplexo. E ao aproximar-se para observar melhor, ouviu a voz do Senhor:
32, ‘Eu Sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó’. Moisés ficou trêmulo de medo e não ousava erguer seu olhar.
33, Então, o Senhor lhe ordenou: ‘Tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa.
34, Tenho visto com atenção a aflição do meu povo no Egito, ouvi os seus clamores e desci para livrá-lo. Agora, portanto, vem, e Eu te enviarei ao Egito’.
35, Este é o mesmo Moisés a quem eles haviam rejeitado com estas palavras: ‘Quem te constituiu autoridade e juiz?’, Deus o enviou como líder e libertador, pela mão do anjo que lhe apareceu no espinheiro.
36, Foi este que o conduziu para fora, realizando feitos portentosos e sinais maravilhosos no Egito, no mar Vermelho e no deserto por um período de quarenta anos.
37, Este é o Moisés que disse aos israelitas: ‘Deus vos levantará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim’.
38, Moisés esteve na congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai, e com os nossos antepassados, e recebeu palavras vivas, a fim de nos serem transmitidas.
39, Todavia, nossos antepassados se recusaram a obedecer a Moisés; antes, o rejeitaram e, em seus corações, retrocederam ao Egito,
40, clamando a Arão: ‘Faze-nos deuses que nos conduzam, pois quanto a este Moisés que nos tirou do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu!’.
41, E, naquela época, eles produziram um ídolo em forma de bezerro. Ofereceram-lhe sacrifícios e realizaram uma grande celebração em homenagem ao que suas mãos tinham produzido.
42, Por isso, Deus se afastou deles e deixou que se entregassem ao culto dos astros, exatamente como foi escrito no Livro dos Profetas: ‘Foi a mim que oferecestes sacrifícios e ofertas durante os quarenta anos no deserto, ó Casa de Israel?
43, Ao invés disso, erguestes o tabernáculo de Moloque e a estrela do seu deus Renfã, ídolos que fizestes para adorá-los. Por essa razão, Eu vos mandarei para o exílio, para além da Babilônia!’.
44, Contudo, o tabernáculo da aliança estava entre os nossos antepassados no deserto, que fora construído conforme a ordem de Deus a Moisés e de acordo com o modelo que ele tinha visto.
45, Tendo-o recebido, nossos antepassados o levaram sob a direção de Josué, quando tomaram posse da terra das nações que Deus expulsou de diante deles. E esse tabernáculo permaneceu nesta terra até a época de Davi,
46, que recebeu graça da parte de Deus e rogou que lhe fosse concedido edificar uma habitação para o Deus de Jacó.
47, Apesar disso, foi Salomão quem lhe construiu a Casa.
48, Todavia, o Altíssimo não habita em casas feitas por mãos humanas. Como revela o profeta:
49, ‘O céu é o meu trono, e a terra o estrado dos meus pés. Que espécie de casa podereis me construir, diz o Senhor, ou ainda, onde seria o lugar do meu repouso?
50, Ora, não foram as minhas mãos que criaram todas estas coisas?’.
51, Homens duros de entendimento e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo. Da mesma forma como agiram vossos pais, assim vós fazeis também.
52, Que profeta vossos antepassados não perseguiram? Assassinaram até mesmo os que anteriormente anunciaram a chegada do Justo, do qual agora vos tornastes traidores e homicidas.
53, Vós, que recebestes a Lei por ministração de anjos, porém não a obedecestes!”
A execução sumária de Estevão
54, Ao ouvir tais palavras, grandemente se lhes enfureceu o coração e rilhavam os dentes contra Estevão.
55, Contudo, Estevão, cheio do Espírito Santo, ergueu seus olhos em direção ao céu e contemplou a glória de Deus, e Jesus em pé, à direita de Deus,
56, e exclamou: ‘Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem em pé, à direita de Deus!’.
57, Então, eles taparam os ouvidos e, aos berros, atiraram-se todos juntos contra ele.
58, E arrastando-o para fora da cidade, o apedrejaram. As testemunhas deixaram suas roupas aos pés de um jovem chamado Saulo.
59, Assim, enquanto apedrejavam Estevão, este declarava em oração: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito!”
60, Então caiu de joelhos e clamou em alta voz: “Senhor, não lhes atribuas este pecado!” E, tendo dito estas palavras, adormeceu.
ATOS 8 – SAULO PERSEGUE A IGREJA
1, E Saulo estava aprovando o assassinato de Estevão. Saulo persegue a Igreja Daquele dia em diante, estabeleceu-se grande perseguição contra a Igreja em Jerusalém. Todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e de Samaria.
2, Alguns homens piedosos sepultaram Estevão e derramaram seus corações em pranto por seu martírio.
3, Saulo, por sua vez, devastava a Igreja, invadindo casa após casa, arrastando homens e mulheres para jogá-los ao cárcere.
A Igreja prega para todos
4, Enquanto isso, os que haviam sido dispersos pregavam a Palavra por onde quer que fossem.
5, Indo Filipe para uma cidade de Samaria, ali lhes anunciava a Cristo.
6, Assim que o povo ouviu a Filipe, e viu os sinais e maravilhas que ele realizava, deu unânime e absoluta atenção ao que ele ensinava.
7, Porquanto os espíritos imundos abandonavam a muitos, aos berros, e um grande número de paralíticos e aleijados eram curados.
8, E, por este motivo, grande alegria sobreveio àquela cidade.
Um mago em busca de poder
9, Havia um homem chamado Simão que, há algum tempo, vinha praticando feitiçaria na cidade. E isso impressionava toda a população de Samaria. Ele se dizia poderoso e notável,
10, e todas as pessoas, das mais simples às mais ricas, davam-lhe grande crédito e exclamavam: “Este homem exerce um poder divino, chamado o Grande Poder!”
11, E muitos o seguiam, pois vinham sendo iludidos por ele há bastante tempo por meio de suas artes mágicas.
12, Contudo, quando Filipe lhes pregou as Boas Novas do Reino de Deus e do Nome de Jesus Cristo, creram nele, e foram batizados, tanto homens quanto mulheres.
13, O próprio Simão, da mesma forma, creu e foi batizado, e acompanhava com curiosidade a Filipe por toda parte, contemplando perplexo os grandes sinais e maravilhas que eram realizados.
Pedro repreende o falso crente
14, Então, os apóstolos de Jerusalém, ouvindo que o povo de Samaria havia acolhido a Palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João.
15, Estes, assim que desceram até eles, oraram para que recebessem o Espírito Santo,
16, porquanto o Espírito ainda não havia sido derramado sobre nenhum deles; tinham apenas sido batizados em o Nome do Senhor Jesus.
17, Sendo assim, à medida em que Pedro e João lhes impunham as mãos, recebiam estes o Espírito Santo.
18, Observando Simão que o Espírito era concedido por meio da imposição das mãos dos apóstolos, ofereceu-lhes dinheiro,
19, propondo: “Dai-me também a mim este poder, para que a quem eu impuser as mãos, ganhe o Espírito Santo!”
20, Diante disto, replicou-lhe Pedro: “Que o teu dinheiro siga contigo para tua perdição, pois intentaste comprar, por meio dele, o dom gratuito de Deus!
21, Tu não tens parceria nem porção neste ministério, porque o teu coração não é honesto perante Deus.
22, Arrepende-te, portanto, dessa tua malignidade e ora ao Senhor; é possível que te seja perdoada a intenção do teu coração;
23, pois vejo que estás cheio de amargura e atado pelos laços do pecado”.
24, Entretanto, Simão lhes respondeu: “Orai vós por mim ao Senhor, para que nada do que dissestes sobrevenha a mim”.
25, E, havendo testemunhado e proclamado a Palavra do Senhor, Pedro e João regressaram a Jerusalém, pregando o Evangelho em muitos povoados samaritanos.
Filipe é enviado em missão
26, Então, um anjo do Senhor falou a Filipe e lhe ordenou: “Apronta-te, e vai em direção ao sul, pelo caminho deserto que desce de Jerusalém a Gaza”.
27, Ao que ele se levantou e partiu. No caminho encontrou um eunuco etíope, alto oficial, administrador de todos os tesouros de Candace, rainha dos etíopes. Esse homem viera a Jerusalém para adorar a Deus e,
28, retornando para casa, sentado em sua carruagem, ia lendo o livro do profeta Isaías.
29, E aconteceu que o Espírito disse a Filipe: “Aproxima-te e acompanha essa carruagem.
30, Então Filipe correu para a carruagem, ouviu o homem lendo o profeta Isaías e lhe perguntou: “Compreendes o que estás lendo?”
31, Ao que ele replicou: “Como poderei compreender, a não ser que alguém me explique? E pediu a Filipe que subisse e se sentasse ao seu lado.
32, O eunuco estava lendo esta passagem da Escritura: “Ele foi levado como ovelha para o matadouro, e como cordeiro mudo diante do seu tosquiador, assim Ele não abriu a sua boca.
33, Em sua humilhação, a justiça lhe foi negada. Quem poderá contar a respeito dos descendentes dele, uma vez que sua vida na terra foi tirada”.
34, Então, o eunuco indagou a Filipe: “Por favor, peço-te que me esclareças sobre quem o profeta está falando? De si mesmo ou fala de algum outro?”
35, E, Filipe, tomando a palavra e iniciando por aquela mesma passagem das Escrituras, pregou-lhe o Evangelho: Jesus.
36, Prosseguindo pela estrada, chegaram a um lugar onde havia água, e foi quando o eunuco observou: “Eis aqui água! Que me impede de ser batizado?”
37, Ao que Filipe orientou-lhe: “Tu podes, se crês de todo o teu coração”. Em seguida, declarou-lhe o eunuco: “Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus!”
38, Assim, deu ordem para que parassem a carruagem. Então, Filipe e o eunuco desceram à água, e Filipe o batizou.
39, Quando estavam saindo da água, o Espírito do Senhor, de repente, arrebatou a Filipe. O eunuco não o viu mais, contudo, pleno de alegria, seguiu o seu caminho.
40, Entretanto, Filipe apareceu em Azoto e, indo para Cesareia, pregava o Evangelho em todas as cidades pelas quais passava.
ATOS 9 – A CONVERSÃO DE SAULO
1, Entrementes, Saulo ainda respirava ameaças de morte contra os discípulos do Senhor. Dirigindo-se ao sumo sacerdote,
2, pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, de maneira que, eventualmente encontrando ali, homens ou mulheres que pertencessem ao Caminho, estivesse autorizado a conduzi-los presos a Jerusalém.
3, Entretanto, durante sua viagem, quando se aproximava de Damasco, subitamente uma intensa luz, vinda do céu, resplandeceu ao seu redor.
4, Então, ele caiu por terra e ouviu uma voz que lhe afirmava: “Saul, Saul, por que me persegues?”
5, Ao que ele inquiriu: “Quem és, Senhor?” E Ele disse: “Eu Sou Jesus, a quem tu persegues;
6, contudo, levanta-te e entra na cidade, pois lá alguém te revelará o que deves realizar.
7, Os homens que acompanhavam Saulo na viagem caíram emudecidos; podiam ouvir a voz, mas a ninguém viam.
8, Saulo ergueu-se do chão e, abrindo os olhos, não conseguia ver coisa alguma; então, guiado pela mão, foi conduzido até Damasco.
9, Por três dias esteve cego, durante os quais não comeu, nem mesmo bebeu.
O Senhor envia Ananias a Saulo
10, E havia em Damasco um discípulo chamado Ananias. O Senhor o chamou em uma visão: “Ananias!” Diante do que, prontamente respondeu: “Eis-me aqui, Senhor!”
11, Então, o Senhor lhe disse: “Apronta-te, e vai à rua que se chama Direita; e, procura na casa de Judas por um homem de Tarso chamado Saulo. Eis que ele está em oração neste momento,
12, e acaba de ter também uma visão na qual um homem chamado Ananias se aproxima e lhe impõem as mãos, para que volte a enxergar”.
13, Todavia, Ananias replicou: “Senhor, tenho ouvido vários testemunhos sobre este homem, quantos males tem causado aos teus santos em Jerusalém;
14, e ele chegou aqui com toda a autoridade dos chefes dos sacerdotes para prender todos que invocam o teu Nome”.
15, Porém, o Senhor ordenou-lhe: “Vai, pois ele é para mim um instrumento escolhido, a fim de levar o meu Nome diante de gentios e seus reis, e perante o povo de Israel.
16, Revelarei a ele tudo quanto lhe será necessário sofrer por causa do meu Nome”.
17, Então, Ananias foi e, entrando na casa, impôs sobre ele as mãos, declarando: “Irmão Saulo, o Senhor Jesus que lhe apareceu no caminho por onde vinhas, enviou-me a ti para que tornes a ver e fiques pleno do Espírito Santo!”
18, Imediatamente lhe caíram dos olhos algo parecido com umas escamas, e ele passou a ver de novo. Em seguida, levantando-se, foi batizado.
19, E, depois de alimentar-se, ganhou novas forças e passou vários dias na companhia dos discípulos em Damasco.
Saulo começa a evangelizar
20, Logo após, Saulo começou a pregar nas sinagogas que Jesus é o Filho de Deus.
21, Todos quantos o ouviam ficavam atônitos e indagavam: “Ora, não é este o homem que, em Jerusalém, buscava destruir aqueles que invocavam o Nome? E não é ele mesmo que tinha vindo aqui com a finalidade de detê-los e levá-los à presença dos principais sacerdotes?”
22, Apesar disso, Saulo se fortalecia cada vez mais e deixava perplexos os judeus que viviam em Damasco, ao comprovar que Jesus era mesmo o Messias.
23, Então, havendo passado muito tempo, os judeus se reuniram e decidiram matá-lo.
24, Entretanto, as informações sobre a cilada que estava sendo tramada chegou aos seus ouvidos. Dia e noite os judeus espreitavam às portas da cidade, na expectativa de assassiná-lo.
25, Porém, os discípulos de Saulo o conduziram na calada da noite e o ajudaram a descer dentro de um cesto, através de uma fissura que havia na muralha da cidade.
Barnabé fica ao lado de Saulo
26, Assim que chegou a Jerusalém, procurou reunir-se aos discípulos de lá, contudo, todos estavam assustados e com medo dele, pois não conseguiam acreditar que Saulo fosse um verdadeiro discípulo.
27, Mas Barnabé, tomando-o consigo, o levou aos apóstolos e lhes narrou como, no caminho, Saulo vira o Senhor, que lhe falara, e como em Damasco ele havia pregado em o Nome de Jesus com poder e coragem.
28, E, assim, Saulo permaneceu com eles, e caminhava com liberdade em Jerusalém, proclamando com toda ousadia o Nome do Senhor.
29, Pregava e argumentava com os judeus de fala grega, contudo, estes procuravam um meio para tirar-lhe a vida.
30, Havendo, porém, essas informações chegado ao conhecimento dos irmãos, conduziram-no até Cesareia e o enviaram para Tarso.
31, Assim, a igreja passava por um tempo de paz em toda a Judeia, Galileia e Samaria, sendo edificada e vivendo no temor do Senhor. E, por meio da coragem proporcionada pelo Espírito Santo, a igreja crescia dia a dia em número.
Pedro ora por curas e prodígios
32, Aconteceu que, viajando Pedro por toda parte, chegou também aos santos que habitavam em Lida.
33, Ali encontrou um homem paralítico que se chamava Eneias, e que estava prostrado numa cama fazia oito anos.
34, Então, Pedro lhe afirmou: “Eneias, Jesus, o Cristo, cura a ti. Levanta-te e arruma a tua cama”. E ele se levantou no mesmo instante.
35, E viram-no todos os que moravam em Lida e Sarona, os quais se converteram ao Senhor.
36, Entrementes, havia em Jope uma discípula chamada Tabita, que em grego significa Dorcas; que se dedicava ao ministério de boas obras e ajuda financeira aos pobres.
37, E aconteceu que naqueles dias ela ficou muito doente e morreu. Seu corpo foi banhado e colocado em um quarto, no andar superior da casa.
38, Como a cidade de Lida ficava próxima de Jope, quando os discípulos ficaram sabendo que Pedro estava ali, logo enviaram-lhe dois homens com o seguinte pedido: “Não te demores em vir até nós!”
39, Então, levantando-se Pedro partiu com eles. Assim que chegou, levaram-no ao aposento do andar de cima da casa. Todas as viúvas o rodearam, chorando e mostrando-lhe os vestidos e outras roupas que Dorcas havia feito para elas enquanto estava viva.
40, Pedro pediu que todos deixassem o quarto; em seguida, ajoelhou-se e orou. Dirigindo-se à mulher morta, ordenou-lhe: “Tabita, levanta-te!” Ela abriu os olhos e, vendo a Pedro, sentou-se.
41, A seguir, ele lhe deu a mão e ajudou-a a colocar-se em pé. Então, chamando os santos, principalmente as viúvas, apresentou-a viva.
42, Este fato se tornou conhecido por toda a cidade de Jope, e foram muitos os que passaram a crer no Senhor.
43, Pedro ficou muitos dias em Jope, hospedado na casa de um curtidor de peles chamado Simão.
ATOS 10 – A VISÃO DE CORNÉLIO
1, Havia em Cesareia um homem chamado Cornélio, centurião do regimento militar conhecido como italiano.
2, Esse homem era piedoso e temente a Deus, assim como toda a sua família. Ele era generoso em ajudas financeiras aos pobres e buscava continuamente a Deus em oração.
3, Certo dia, por volta das três horas da tarde, ele recebeu uma visão. De forma clara, viu um anjo de Deus que se aproximando dele o chamou pelo nome: “Cornélio!”
4, Estarrecido e com os olhos fitos no anjo, indagou: “Que é, Senhor?” Ao que o anjo lhe comunica: “Tuas orações e esmolas aos necessitados subiram como oferta memorial à presença de Deus.
5, Agora, envia alguns homens a Jope e manda chamar Simão, também conhecido pelo segundo nome, Pedro.
6, Ele está hospedado com Simão, o curtidor de couro, cuja casa fica à beira-mar.
7, Assim que o anjo que lhe falava se retirou, chamou dois dos seus servos e um soldado piedoso dentre todos que estavam a seu serviço e,
8, compartilhando com eles tudo quanto havia se passado, os enviou a Jope.
A visão do apóstolo Pedro
9, No dia seguinte, por volta do meio-dia, Pedro subiu ao terraço da casa para orar. Enquanto isso, os homens vinham pelo caminho e já estavam próximos de Jope.
10, Então, sentindo muita fome, desejou comer; entretanto, enquanto a refeição estava sendo preparada, de repente sobreveio-lhe um estado de completo êxtase.
11, Então, viu o céu aberto e algo parecido com um grande lençol que vinha descendo em direção à terra, amarrado pelas quatro pontas,
12, contendo toda espécie de quadrúpedes, bem como de animais que rastejam sobre a terra e aves do céu.
13, E, em seguida, uma voz lhe ordenou: “Levanta-te, Pedro! Sacrifica e come”.
14, Porém, Pedro replicou: “De maneira alguma, Senhor! Porquanto jamais comi alguma coisa profana ou impura”.
15, Contudo, a voz insistiu pela segunda vez: “Não consideres impuro o que Deus purificou!”
16, Este diálogo ocorreu por três vezes, e logo em seguida o lençol foi elevado novamente para o céu.
17, Enquanto Pedro, perplexo, meditava sobre o significado da visão que acabara de ter, eis que aqueles homens enviados por Cornélio, havendo especulado por Simão, chegaram à porta de sua casa.
18, Então, chamando, indagaram se ali estava hospedado Simão, também chamado Pedro.
19, Pedro ainda refletia sobre a visão, quando o Espírito lhe ordenou: “Simão, eis que estão à porta três homens que te procuram;
20, prepara-te, portanto, desce e não tenhas receio de ir com eles, pois Eu os enviei a ti!”
21, Pedro desceu e declarou aos homens: “Aqui me tendes, sou o homem a quem procurais. Qual é o motivo da vossa vinda?”
22, Então, os homens lhe comunicaram: “Eis que viemos da parte do centurião Cornélio, homem justo e temente a Deus, e que tem bom testemunho perante todo o povo judeu. Um santo anjo lhe ordenou que o mandasse chamar-te a sua casa, a fim de que ele possa ouvir o que tens a lhe dizer”.
Jesus é Senhor de todos os povos
23, Diante disto, Pedro os convidou a entrar e os hospedou.No dia seguinte, aprontou-se e partiu com eles; também alguns irmãos dos que habitavam em Jope seguiram em sua companhia.
24, Um dia depois, chegaram a Cesareia. E Cornélio os esperava, havendo reunido seus parentes e amigos mais chegados.
25, Aconteceu que, quando Pedro ia caminhando para dentro da casa, Cornélio saiu ao seu encontro e, prostrando-se a seus pés, o reverenciou.
26, Pedro, no entanto, imediatamente o fez aprumar-se ponderando-lhe: “Levanta-te, pois sou tão humano como tu és”.
27, Então, conversando com ele, Pedro entrou na casa e encontrou ali reunidas muitas pessoas
28, e lhes explicou: “Vós bem sabeis que é contra a nossa Lei um judeu associar-se a qualquer gentio, nem mesmo por uma breve visita. Contudo, Deus revelou-me que a nenhuma pessoa devo considerar impura ou imunda.
29, Por essa razão, assim que fui procurado, vim sem qualquer objeção. Agora, pois, vos indago: “Por qual motivo me mandastes chamar?”
30, Ao que Cornélio lhe declarou: “Faz hoje quatro dias que eu estava em jejum, orando em minha casa, por volta desta hora, às três horas da tarde. Subitamente, apresentou-se diante de mim um homem com roupas resplandecentes
31, e ordenou-me: ‘Cornélio, Deus ouviu tua oração e lembrou-se de tuas ajudas aos pobres.
32, Portanto, manda buscar em Jope a Simão, também chamado Pedro. Ele está hospedado na casa de Simão, o curtidor de couro, que mora próximo ao mar’.
33, Então, sem demora, mandei chamar-te, e fizeste bem em vir. Agora, pois, estamos todos aqui na presença de Deus, com o propósito de ouvir tudo quanto o Senhor te ordenou dizer-nos”.
34, Diante disto, Pedro começou a compartilhar: “Agora sim, percebo verdadeiramente que Deus não trata as pessoas com qualquer tipo de parcialidade,
35, antes, porém, de todas as nacionalidades, recebe todo aquele que o teme e pratica a justiça.
36, Esta é a Palavra que Deus mandou aos filhos de Israel, anunciando-lhes o evangelho da paz, por intermédio de Jesus Cristo. Este, portanto, é o Senhor de todos.
37, Essa Palavra, vós muito bem conheceis, foi proclamada por toda a Judeia, começando pela Galileia, depois do batismo pregado por João,
38, e se refere a Jesus de Nazaré, de como Deus o ungiu com o Espírito Santo e poder, e como ele caminhou por toda a parte realizando o bem e salvando todos os oprimidos pelo Diabo, porquanto Deus era com Ele.
39, E nós somos testemunhas de tudo o que Ele realizou na terra dos judeus, bem como em Jerusalém, onde o assassinaram, suspendendo-o num madeiro.
40, Deus, entretanto, o ressuscitou ao terceiro dia e lhe concedeu que fosse visto,
41, não por toda a população, mas por testemunhas que previamente escolhera para este propósito, por nós que comemos e bebemos com Ele depois que ressuscitou dos mortos.
42, E foi Ele mesmo que nos mandou pregar a todas as pessoas e testemunhar que foi a Ele que Deus constituiu Juiz dos vivos e dos mortos.
43, Todos os profetas testemunham sobre Ele, afirmando que qualquer pessoa que nele crê recebe o perdão de todos os pecados, mediante o seu Nome”.
44, E aconteceu que enquanto Pedro ainda pronunciava estas palavras, o Espírito Santo desceu de repente sobre todos os que ouviam a mensagem.
45, Aqueles crentes judeus que vieram com Pedro ficaram admirados de que o dom do Espírito Santo estivesse sendo derramado inclusive sobre os gentios,
46, porquanto, os ouviam se expressando em línguas estranhas e exaltando a Deus. Diante disso, exclamou Pedro:
47, “Será possível que alguém ainda recuse água e impeça que estes sejam batizados? Eles, assim como nós, receberam o mesmo Espírito Santo!”
48, Em seguida, mandou que fossem batizados em o Nome de Jesus Cristo. Então, suplicaram a Pedro que permanecesse com eles por alguns dias. Pedro esclarece a Igreja
ATOS 11 – PEDRO RELATA EM JERUSALEM
1, E aconteceu que os demais apóstolos e irmãos que estavam na Judeia ouviram falar que os gentios também haviam recebido a Palavra de Deus.
2, Assim, quando Pedro subiu a Jerusalém, os que eram do partido dos crentes circuncisos o criticaram argumentando:
3, “Entraste na casa de homens incircuncisos e ainda comeste com eles!”
4, Então, Pedro começou a fazer-lhes um relato claro e ordenado de como tudo havia ocorrido:
5, “Eu estava em oração na cidade de Jope, e, num súbito êxtase, tive uma visão: algo parecido com um grande lençol descia, baixado do céu, preso pelas quatro pontas até chegar bem perto de mim.
6, Olhei para dentro dele e observei que havia ali quadrúpedes da terra, animais selvagens, répteis e aves do céu.
7, Em seguida, ouvi uma voz que me ordenava: ‘Levanta-te Pedro! Sacrifica e come’.
8, Ao que eu imediatamente repliquei: De modo nenhum Senhor! Pois jamais entrou em minha boca algo profano ou imundo.
9, Porém, a voz falou do céu pela segunda vez: ‘Não consideres impuro o que Deus purificou!’.
10, Isto aconteceu por três vezes seguidas, e tudo tornou a recolher-se ao céu.
11, Naquele momento, os três homens que foram enviados por Cornélio chegaram em frente à casa onde eu estava hospedado.
12, E o Espírito revelou-me que não hesitasse em acompanhá-los. Estes seis irmãos também foram comigo, e entramos na casa daquele homem.
13, Ele nos contou como um anjo lhe aparecera em pé, no recinto de sua casa, e lhe ordenara: ‘Envia homens a Jope e manda buscar Simão, também chamado Pedro.
14, Ele te transmitirá uma mensagem por meio da qual serás salvo, tu e toda a tua casa’.
15, Assim que comecei a pregar, o Espírito, num instante, sobreveio a eles da mesma maneira como veio sobre nós no princípio.
16, E naquele momento lembrei-me do que o Senhor me havia dito: ‘João, de fato, batizou em água, no entanto, vós sereis batizados com o Espírito Santo!”
17, Portanto, se Deus lhes concedeu o mesmo Dom que dera igualmente a nós, ao crermos no Senhor Jesus Cristo, quem era eu, para pensar em contrariar a Deus?”
18, Diante do que fôra exposto, ninguém apresentou qualquer outra objeção e passaram a glorificar a Deus, exclamando: “Sendo assim, Deus concedeu até mesmo aos gentios o arrependimento para a vida!”
Os crentes são chamados cristãos
19, Então, os que haviam sido dispersos por causa da perseguição, desencadeada com a execução de Estevão, se espalharam até a Fenícia, Chipre e Antioquia, não divulgando a mensagem a ninguém além dos judeus.
20, Alguns deles, entretanto, eram de Chipre e de Cirene, e que chegaram até Antioquia, pregaram também aos gregos, apresentando-lhes o Evangelho do Senhor Jesus.
21, A mão do Senhor estava com eles, e muitos creram e se converteram ao Senhor.
22, Assim que a notícia desse fato chegou ao conhecimento da igreja em Jerusalém, eles decidiram enviar Barnabé à Antioquia.
23, Tendo ele chegado e, vendo a graça de Deus, alegrou-se e encorajava a todos, para que permanecessem fiéis ao Senhor, com firmeza de coração.
24, Ele era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. E uma multidão considerável de pessoas foi acrescentada ao Senhor.
25, E aconteceu que Barnabé decidiu viajar para Tarso, a fim de encontrar-se com Saulo
26, e, assim que o achou, levou-o consigo para Antioquia. Então, durante um ano completo, Barnabé e Saulo se reuniram com aquela igreja e ensinaram a muita gente. Em Antioquia, os discípulos foram pela primeira vez chamados cristãos.
Profecia: fome em todo Império
27, Naqueles dias desceram alguns profetas de Jerusalém para Antioquia.
28, Um deles, chamado Ágabo, levantou-se e pelo Espírito predisse que uma grande fome assolaria a todo mundo romano, o que de fato veio a ocorrer nos dias do reinado de Cláudio.
29, Então, os discípulos, cada um segundo as suas possibilidades, resolveram providenciar ajuda para os irmãos que viviam na Judeia.
30, E assim o fizeram, enviando suas ofertas aos presbíteros pelas mãos de Barnabé e Saulo. Um anjo liberta Pedro da prisão
ATOS 12 –PRISÃO E LIBERTAÇÃO DE PEDRO
1, Naquela mesma ocasião, o rei Herodes mandou prender alguns que pertenciam à igreja, com o objetivo de maltratá-los,
2, e matou a Tiago, irmão de João, por execução ao fio da espada.
3, Observando que essa atitude agradava aos judeus, prosseguiu, ordenando também a prisão de Pedro, durante a festa dos pães sem fermento.
4, Tendo-o prendido, mandou que fosse jogado ao cárcere e determinou que fosse vigiado por quatro escoltas com quatro soldados cada uma. Herodes tinha a intenção de apresentá-lo em julgamento público logo após a Páscoa.
5, Assim, Pedro estava detido no cárcere, mas a igreja orava fervorosamente a Deus a favor dele.
6, E aconteceu que, na noite anterior ao dia em que Herodes pretendia submetê-lo a julgamento, Pedro estava dormindo entre dois soldados, com algemas presas a duas correntes, e as sentinelas guardavam o cárcere diante da porta.
7, Subitamente, surgiu um anjo do Senhor e Sua luz resplandeceu na prisão. Então, o anjo tocou o lado de Pedro e o fez acordar, ordenando: “Levanta-te, depressa!” E, em seguida, as algemas caíram dos punhos de Pedro.
8, E o anjo continuou a orientá-lo: “Veste a tua roupa e calça as sandálias”. E Pedro assim o fez. Disse-lhe ainda o anjo: “Põe a tua capa e segue-me!”
9, Ao sair, Pedro o seguiu, mesmo sem saber se o que estava acontecendo por meio do anjo era, de fato, real, pois lhe parecia fruto de uma visão.
10, Todavia, passaram a primeira e a segunda sentinela e chegaram ao portão de ferro que dava acesso à cidade. Este se abriu por si mesmo para eles, e passaram. Tendo saído, caminharam ao longo de uma rua e, de repente, o anjo se afastou dele.
11, Foi quando Pedro caiu em si e disse: “Agora entendo, sem qualquer sombra de dúvida, que o Senhor enviou seu anjo e me libertou das mãos de Herodes e de tudo o que o povo judeu tramava contra mim”.
12, Depois de assim refletir, colocou-se a caminho da casa de Maria, mãe de João, também chamado Marcos, onde muitas pessoas estavam reunidas em oração.
13, Eis que Pedro chega e bate à porta do alpendre, e uma serva chamada Rode veio atender.
14, Assim que reconheceu a voz de Pedro, tomada de grande alegria, ela correu de volta, sem abrir a porta, e exclamou: “É Pedro! Ele está lá fora, à porta!”
15, Todavia, eles lhe replicaram: “Estás fora de si!” Mas, diante da forte insistência da mulher em afirmar que era Pedro, ponderaram-lhe: “Ora, é possível que tenhais visto o anjo dele”.
16, Entretanto, Pedro continuou batendo e, quando, enfim, abriram a porta e o viram, ficaram atônitos.
17, Ele, por sua vez, fazendo-lhes sinais com a mão para que se calassem, explicou-lhes como o Senhor o havia libertado do cárcere, e pediu-lhes: “Anunciai isso a Tiago e aos demais irmãos”. E, saindo, retirou-se para outro lugar.
18, Assim que o dia raiou, houve enorme tumulto entre os soldados quanto ao que teria ocorrido a Pedro.
19, Ordenando uma busca completa e não o encontrando, Herodes submeteu todos os guardas a severo interrogatório e, por fim, os mandou executar. Passados esses acontecimentos, foi Herodes da Judeia para Cesareia e permaneceu ali durante algum tempo.
Herodes morre após aclamação
20, Herodes estava tomado de ira contra o povo de Tiro e Sidom; todavia, eles haviam promovido uma reunião e buscavam uma maneira de serem recebidos em audiência por ele. Havendo conquistado o apoio de Blasto, homem de confiança do rei, pediram paz, pois dependiam das terras do rei para obter o alimento de suas famílias.
21, Assim, no dia marcado, Herodes, vestindo trajes majestosos, assentou-se no seu trono e proclamou um discurso ao povo.
22, Então, a multidão começou a gritar: “Eis que é um deus e não um simples mortal que nos fala!”
23, Mas, considerando que Herodes não ofereceu glória a Deus, no mesmo instante um anjo do Senhor o feriu, e ele morreu comido de vermes.
24, Entretanto, a Palavra de Deus continuava a espalhar-se por toda a parte, multiplicando-se.
25, E, havendo concluído sua missão, Barnabé e Saulo voltaram de Jerusalém, levando consigo João, também conhecido por seu segundo nome, Marcos. A primeira viagem missionária
ATOS 13 – PRIMEIRA JORNADA MISSIONÁRIA
1, Na Igreja em Antioquia havia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, conhecido por seu segundo nome, Niger, Lúcio de Cirene, Manaém que era irmão de criação de Herodes, o governador, e Saulo.
2, Enquanto serviam, adoravam e jejuavam ao Senhor, o Espírito Santo lhes ordenou: “Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a missão a qual os tenho chamado”.
3, Diante disso, depois que jejuaram e oraram, lhes impuseram as mãos e os enviaram.
Saulo notabiliza-se como Paulo
4, Dirigidos, portanto, pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre.
5, Chegando em Salamina, proclamaram a Palavra de Deus nas sinagogas judaicas. João Marcos os seguia para auxiliá-los.
6, Depois de atravessarem toda a ilha até Pafos, encontraram um judeu, chamado Bar-Jesus, que praticava feitiçaria e era falso profeta.
7, Ele assessorava o procônsul Sérgio Paulo, homem de grande inteligência. Este, mandou chamar Barnabé e Saulo, pois desejava conhecer a Palavra de Deus.
8, No entanto, Elimas, o mago - pois é assim que se traduz o nome dele - opunha-se a eles, tentando desviar o procônsul da fé.
9, Contudo, Saulo, que traduzido é Paulo, cheio do Espírito Santo, olhando atentamente para Elimas o repreendeu dizendo:
10, “Tu estás cheio de toda mentira e malignidade. Filho do Diabo, inimigo de tudo o que é justo. Quando cessarás de perverter os retos caminhos do Senhor?
11, Para que saibas que a mão do Senhor é contra ti, ficarás cego a partir de agora, e não verás a luz do sol por algum tempo”. E, no mesmo instante, Elimas sentiu como se um nevoeiro o encobrisse e seus olhos ficaram em trevas. Então, tateando, rogou a quem o pudesse guiar pela mão.
12, O procônsul, observando o que havia acontecido, creu, profundamente impressionado com a doutrina do Senhor.
Paulo prega Jesus na sinagoga
13, De Pafos, Paulo e seus companheiros navegaram para Perge, que fica na Panfília. Então, João Marcos os deixou ali e regressou a Jerusalém.
14, Eles, no entanto, seguiram para além de Perge e chegaram a Antioquia da Psídia. No dia de sábado, entraram na sinagoga e se assentaram.
15, Logo após a leitura da Lei e dos Profetas, os administradores da sinagoga mandaram que se lhes fosse feito o seguinte convite: “Irmãos, se tendes em vós alguma palavra de encorajamento para nosso povo, dizei-a”.
16, Então, Paulo, colocando-se em pé, fez sinal com a mão, solicitando a atenção dos presentes, e declarou: “Caros israelitas e vós, gentios, que igualmente temeis a Deus, ouvi!
17, O Deus deste povo de Israel escolheu nossos antepassados e honrou sua gente durante o tempo em que, como estrangeiros, caminharam pela terra do Egito, de onde os libertou com braço poderoso.
18, O Senhor zelou por eles com paciência, no deserto, durante cerca de quarenta anos.
19, Ele destruiu sete nações em Canaã e entregou a terra em que habitavam como herança ao seu povo.
20, Isso tudo levou aproximadamente quatrocentos e cinquenta anos, quando então, lhes deu juízes até a época do profeta Samuel.
21, Mas o povo lhe rogou por um rei, e Deus lhes concedeu Saul, filho de Quis, da tribo de Benjamim, que reinou pelo espaço de quarenta anos.
22, Depois que tirou o reinado de Saul, deu-lhes Davi como rei, sobre quem testemunhou: Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, ele fará tudo conforme a minha vontade’.
23, E, da descendência desse homem, Deus levantou para Israel o Salvador Jesus, assim como prometera.
24, Antes, porém, da chegada de Jesus, primeiramente veio João, pregando um batismo de arrependimento para todo o povo de Israel.
25, Quando estava por concluir seu ministério, proclamou João: ‘Quem pensais vós ser eu? Não sou eu o Messias. Entretanto, eis que vem após mim aquele cujas sandálias eu não sou digno sequer de desatá-las dos seus pés’.
26, Irmãos, descendentes de Abraão e vós não-judeus que temeis a Deus, a nós foi enviada esta mensagem de salvação.
27, Pois, as pessoas que habitam em Jerusalém e seus governantes não reconheceram a Jesus, contudo, ao executá-lo, cumpriram as palavras dos profetas, que são lidas todos os dias de sábado.
28, Mesmo não encontrando motivo legal para condená-lo à sentença de morte, rogaram a Pilatos que o mandasse crucificar.
29, E, depois de terem cumprido tudo o que a respeito dele estava escrito, tirando-o do madeiro, depositaram-no em um sepulcro.
30, No entanto, Deus o ressuscitou dentre os mortos;
31, e, durante muitos dias, Ele foi visto por aqueles que tinham ido em sua companhia da Galileia para Jerusalém. Essas pessoas agora são suas testemunhas diante do povo.
32, Nós vos anunciamos as Boas Novas da promessa confiada a nossos antepassados,
33, as quais Deus cumpriu para nós, seus filhos, ressuscitando Jesus, assim como está escrito no segundo Salmo: ‘Tu és meu Filho, Eu hoje te gerei’.
34, O fato de que Deus ressuscitou a Jesus dos mortos, para que seu corpo jamais experimentasse a decomposição, foi declarado desta forma: ‘Eu cumprirei a vosso favor as santas e fiéis bênçãos de Davi’.
35, Porquanto, em outro Salmo, está explícito: ‘Não permitirás que o teu Santo sofra decomposição”.
36, Porque Davi, depois de servir a sua própria geração pela vontade de Deus, adormeceu, foi sepultado com os seus antepassados, e seu corpo se decompôs.
37, Mas aquele a quem Deus ressuscitou não foi afligido pela decomposição.
38, Sendo assim, meus irmãos, ficai cientes de que mediante Jesus vos é anunciado o perdão dos pecados.
39, E, por intermédio de Jesus, todo aquele que crê é justificado de todas as faltas de que antes não pudestes ser justificados pela Lei de Moisés.
40, Acautelai-vos, pois, para que não vos sobrevenha o que foi anunciado pelos profetas:
41, ‘Vede, ó escarnecedores, ficai atônitos e morrei; porquanto Eu realizarei, em vossos dias, obra de tamanha grandiosidade, que jamais vos seria possível crer se alguém apenas vos contasse’.
Paulo é convidado a pregar mais
42, E, quando Paulo e Barnabé estavam saindo da sinagoga, o povo os convidou a ensinar mais a respeito desse assunto no sábado seguinte.
43, Depois que a congregação foi despedida, muitos dos judeus e dos gentios devotos convertidos ao judaísmo seguiram a Paulo e Barnabé. Estes conversaram com eles, recomendando-lhes que seguissem perseverando na graça de Deus. Paulo decide ensinar os gentios
44, No sábado seguinte, quase toda a população da cidade se reuniu para ouvir a Palavra de Deus.
45, Entretanto, quando os judeus observaram a multidão ficaram tomados de inveja e, de forma desrespeitosa e ultrajante, contradiziam o que Paulo pregava.
46, Então Paulo e Barnabé, tomando a palavra com toda coragem, lhes afirmaram: “Importava que a vós outros, em primeiro lugar, fosse pregada a Palavra de Deus; porém, considerando que a rejeitais e a vós próprios vos julgais indignos de receber a vida eterna, eis que agora nos dirigimos aos gentios.
47, Porquanto dessa maneira o Senhor nos ordenou: ‘Eu te constitui como luz para os gentios, a fim de que tu leves a Salvação até os confins da terra’.
48, Ao ouvirem essa declaração, os gentios se alegraram sobremaneira e glorificavam a Palavra do Senhor. E todos quantos haviam sido escolhidos para a vida eterna creram de coração.
49, Assim, a Palavra do Senhor era divulgada por toda aquela região.
50, Porém, os judeus persuadiram as mulheres piedosas e de alta posição social, assim como os principais líderes da cidade, e desfecharam uma perseguição contra Paulo e Barnabé, até os expulsarem do seu território.
51, Estes, contudo, sacudindo contra eles o pó dos seus pés, partiram para Icônio.
52, Os discípulos, no entanto, viviam plenos de alegria e do Espírito Santo. Judeus e gentios crêem em Jesus
ATOS 14 – ACEITAÇÃO E OPOSIÇÃO
1, Em Icônio, Paulo e Barnabé, como costumavam fazer, foram juntos à sinagoga dos judeus. Ali pregaram de tal maneira que numerosa multidão de judeus e gentios veio a crer.
2, Mas os judeus que preferiram continuar descrentes instigaram os gentios e lhes irritaram os ânimos contra os irmãos.
3, Paulo e Barnabé passaram muito tempo ali, pregando corajosamente acerca do Senhor, que confirmava a Palavra da sua graça, concedendo que, por meio das mãos deles, fossem realizados sinais miraculosos e prodígios.
4, Mas houve grande divisão entre o povo da cidade: uns ficaram do lado dos judeus e outros, dos apóstolos.
5, Formou-se, então, uma conspiração de gentios e judeus com seus líderes, a fim de desmoralizá-los e apedrejá-los.
6, Ao tomarem conhecimento dessa trama, eles fugiram para as cidades licaônicas de Listra e Derbe, e suas vizinhanças,
7, e ali seguiram pregando o Evangelho.
Um paralítico é curado por sua fé
8, Em Listra vivia um homem paralítico dos pés, aleijado desde o nascimento, que passava os dias sentado e jamais havia conseguido andar.
9, Ele estava ouvindo Paulo pregar. Quando, fixando seus olhos nele, e percebendo que o homem tinha fé para ser curado,
10, Paulo ordenou-lhe em voz alta: “Apruma-te direito sobre teus pés!” O homem então, deu um salto e começou a andar.
11, Diante do que Paulo realizara, a multidão começou a gritar: “Os deuses desceram até nós em forma de seres humanos!”
12, E assim, a Barnabé deram o nome de Zeus, e a Paulo chamaram Hermes, pois era ele quem falava com poder.
13, O sacerdote de Zeus, cujo templo fora construído na entrada da cidade, trouxe bois e coroas de flores à porta da cidade, porque ele e a população desejavam oferecer-lhes sacrifícios.
14, Quando os apóstolos Barnabé e Paulo ouviram isso, rasgaram as suas roupas e correram para o meio da multidão, exclamando:
15, “Homens! Por que fazeis isto? Pois nós também somos humanos, de natureza semelhante a vossa. E vos temos anunciado o Evangelho para que vos afasteis dessas práticas inúteis e vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que neles existe.
16, Em tempos passados Ele permitiu que todas as nações andassem segundo seus próprios caminhos
17, no entanto, Deus não ficou sem dar testemunho sobre sua própria pessoa, pois demonstrou sua bondade, enviando-vos do céu as chuvas, e as estações das colheitas, cada uma a seu tempo, concedendo-vos sustento com fartura e enchendo-vos o coração de alegria!”
18, Mesmo com essas explicações, ainda foi difícil evitar que as multidões lhes homenageassem por meio de sacrifícios.
Paulo é linchado e atirado fora
19, Chegaram, porém, alguns judeus de Antioquia e de Icônio e, tendo persuadido as multidões, apedrejaram Paulo e o arrastaram para fora da cidade, supondo que estivesse morto.
20, Contudo, quando os discípulos se reuniram em volta de Paulo, este se levantou e voltou à cidade. No dia seguinte, partiu Paulo com Barnabé para Derbe.
O retorno dos missionários
21, E, havendo pregado as Boas Novas naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, Icônio e Antioquia,
22, renovando o ânimo dos discípulos e os encorajando a perseverar na fé, ensinando: “É necessário que em meio a muitas aflições ingressemos no Reino de Deus!”
23, Então Paulo e Barnabé lhes constituíram presbíteros em cada igreja; e, tendo orado e jejuado, eles os consagraram aos cuidados do Senhor, em quem haviam crido.
24, Atravessando a Pisídia, chegaram à Panfília.
25, E, tendo pregado a Palavra em Perge, desceram para Atália.
26, Dali navegaram para Antioquia, onde tinham sido colocados sob a proteção da graça de Deus a fim de desempenharem a missão que agora haviam concluído.
27, Assim que chegaram ali, reuniram a Igreja e relataram tudo o que Deus havia realizado por intermédio deles e como abrira a porta da fé aos gentios.
28, E permaneceram ali com os discípulos por longo tempo.
ATOS 15 – CONSELHO EM JERUSALÉM
1, Alguns homens, que haviam descido da Judeia, passaram a ensinar aos irmãos: “Se não vos circuncidardes conforme a tradição instituída por Moisés, de forma alguma podeis ser salvos!”
2, Por este motivo, Paulo e Barnabé tiveram uma acirrada divergência com eles. E os irmãos decidiram que Paulo e Barnabé, juntamente com outros, deveriam subir até Jerusalém e tratar dessa questão com os apóstolos e com os presbíteros.
3, A Igreja os enviou e, quando estavam atravessando a Fenícia e Samaria, compartilharam como havia acontecido a conversão dos gentios, notícias essas que alegraram sobremaneira o coração de todos os irmãos.
4, Tendo eles chegado a Jerusalém, foram muito bem recebidos pela Igreja, pelos apóstolos e por todos os presbíteros, a quem relataram tudo o que Deus havia realizado por intermédio deles.
5, Entretanto, alguns do grupo religioso dos fariseus, que tinham crido, levantaram-se protestando: “É necessário circuncidá-los e ordenar-lhes expressamente que observem toda a Lei de Moisés!”
O Concílio de Jerusalém
6, Diante disso, os apóstolos e os presbíteros se reuniram para deliberar sobre a questão imposta.
7, Depois de um grande debate, Pedro tomou a palavra e ponderou-lhes: “Irmãos, vós sabeis que desde há muito, Deus me escolheu dentre vós para que, por meu intermédio, ouvissem os gentios a Palavra do Evangelho e cressem.
8, E Deus, que conhece os corações, testemunhou em benefício deles, concedendo-lhes o Espírito Santo, da mesma forma como o deu a nós;
9, e não fez qualquer distinção entre os gentios e nós outros, purificando o coração deles pela fé.
10, Agora, pois, por que quereis tentar a Deus, colocando sobre as costas dos discípulos uma carga que nem nossos antepassados nem nós mesmos conseguimos suportar?
11, De modo algum! Cremos que somos salvos pela graça do Senhor Jesus, exatamente do mesmo modo que os gentios também”.
A palavra de sabedoria de Tiago
12, Então, toda a assembleia ficou em silêncio, enquanto ouvia Barnabé e Paulo relatando todos os sinais miraculosos e prodígios que, por meio deles, Deus realizara entre os gentios.
13, Quando acabaram de compartilhar, Tiago pediu a palavra e arrazoou-lhes: “Irmãos, ouvi-me:
14, Simão narrou como primeiramente Deus foi ao encontro dos gentios para edificar dentre eles um povo consagrado ao seu Nome.
15, E, com isso, estão de pleno acordo as palavras dos profetas como está escrito:
16, ‘Depois disso voltarei, e reconstruirei a tenda de Davi, que está caída; reedificarei as suas ruínas, e tornarei a levantá-la;
17, para que o restante das pessoas busque ao Senhor, sim, todos os gentios, sobre os quais é invocado o meu Nome,
18, diz o Senhor que faz essas realizações desde os tempos antigos’.
19, Portanto, julgo que não se deve constranger aqueles que dentre os gentios se convertem a Deus,
20, todavia, escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da imoralidade, da carne de animais sufocados e do sangue.
21, Porque desde os tempos antigos, Moisés é pregado em todas as cidades, bem como é lido nas sinagogas em todos os dias de sábado”.
O Concílio chega a uma decisão
22, Então, os apóstolos e os presbíteros, com toda a Igreja, decidiram escolher alguns dentre eles e enviá-los para Antioquia com Paulo e Barnabé. Escolheram Judas, chamado Barsabás, e Silas, dois líderes entre os irmãos.
23, E, por intermédio deles, mandaram a seguinte carta: “Os apóstolos e os irmãos presbíteros, aos irmãos dentre os gentios que estão em Antioquia, na Síria e na Cilícia, saudações.
24, Desde que soubemos que alguns saíram de entre nós, sem nossa permissão, e vos têm constrangido por meio de suas palavras, confundindo-vos a mente,
25, pareceu-nos bem, havendo chegado a um consenso, selecionar alguns homens e enviá-los com os nossos amados Barnabé e Paulo,
26, homens que têm colocado suas vidas em risco pelo Nome de nosso Senhor Jesus Cristo.
27, Portanto, estamos enviando Judas e Silas para confirmarem com suas palavras o que vos estamos escrevendo.
28, Porque pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destes preceitos necessários:
29, Que vos abstenhais de alimentos sacrificados aos ídolos, do sangue, da carne de animais estrangulados e da imoralidade sexual. Fareis muito bem se vos guardardes desses procedimentos, pois desejamos que tudo de bom vos aconteça”.
A decisão é recebida com alegria
30, E, tendo-se despedido, desceram à Antioquia, onde reuniram a Igreja e entregaram a carta.
31, Os irmãos a leram e muito se alegraram com sua encorajadora mensagem.
32, Judas e Silas, que eram profetas, exortaram e fortaleceram os irmãos com muitos ensinamentos.
33, Havendo, porém, dedicado algum tempo ali, foram despedidos pelos irmãos com a bênção da paz, a fim de que retornassem aos que os haviam enviado,
34, porém Silas, achou melhor ficar ali.
35, Paulo e Barnabé também permaneceram em Antioquia, onde, com muitos outros irmãos, pregavam e ensinavam a Palavra do Senhor.
Barnabé e Paulo se separam
36, Passados alguns dias, Paulo propôs a Barnabé: “Voltemos, agora, para visitar os irmãos por todas as cidades nas quais pregamos a Palavra do Senhor, a fim de observarmos como estão vivendo”.
37, E Barnabé queria que João, também chamado Marcos, os acompanhassem.
38, Paulo, entretanto, não conseguia ver razão para levar consigo aquele que desde a Panfília havia decidido se afastar deles e não os acompanhara até o fim da missão.
39, Por esse motivo, tiveram um desentendimento tão exacerbado que decidiram se separar. Barnabé partiu, levando consigo Marcos e navegaram para Chipre.
40, Paulo, no entanto, preferiu a companhia de Silas, partiu entregue aos cuidados do Senhor pelos irmãos.
41, E, assim, passou pela Síria e Cilícia, encorajando as igrejas.
ATOS 16 – VISÃO MACEDÔNICA
1, Paulo chegou também a Derbe e Listra. E vivia ali um discípulo chamado Timóteo, filho de uma judia cristã, sendo seu pai grego.
2, Os irmãos de Listra e Icônio davam bom testemunho dele.
3, Então, Paulo se interessou em que ele o acompanhasse em sua missão; para tanto, o circuncidou por causa dos judeus que viviam naquela região. Pois era do conhecimento de todos que seu pai era grego.
4, À medida em que passavam pelas cidades, transmitiam as decisões tomadas pelos apóstolos e presbíteros em Jerusalém, a fim de que passassem a ser obedecidas.
5, Assim, as igrejas eram edificadas na fé e cresciam em número, dia após dia.
Paulo é chamado à Macedônia
6, E, viajando por toda a região da Frígia e da Galácia, Paulo e seus companheiros de ministério foram impedidos pelo Espírito Santo de pregar a Palavra na província da Ásia.
7, Quando avizinharam-se da região da Mísia, procuraram subir até Bitínia, mas também o Espírito de Jesus não lhes permitiu.
8, Então, contornando a Mísia, desceram para Trôade.
9, Durante a noite, Paulo teve uma visão; nela, um homem da Macedônia, em pé, rogava-lhe: “Passa à Macedônia e ajuda-nos!”
10, Imediatamente, após ter recebido a visão, preparamo-nos para partir rumo a Macedônia, concluindo que Deus nos havia chamado para pregar o Evangelho aos macedônios.
A conversão de Lídia e sua casa
11, Navegando de Trôade, seguimos em linha reta até Samotrácia, e no dia seguinte para Neápolis.
12, De lá rumamos para Filipos, que é a cidade mais importante desse distrito da Macedônia e colônia romana. Nessa cidade ficamos vários dias.
13, No dia de sábado, saímos da cidade para a beira do rio, onde imaginávamos encontrar um bom lugar para orar. Assentamo-nos e começamos a conversar com algumas mulheres que ali também estavam reunidas.
14, Uma das mulheres que nos ouviam era temente a Deus e chamava-se Lídia, vendedora de tecido de púrpura, da cidade de Tiatira. E aconteceu que o Senhor lhe abriu o coração para acolher a mensagem pregada por Paulo.
15, Depois de batizada, bem como os de sua casa, ela nos convidou, rogando: “Se julgais que eu sou crente no Senhor, entrai e permanecei em minha casa”. E assim, nos convenceu.
Paulo liberta jovem do demônio
16, E aconteceu que, indo nós para o lugar de oração, nos saiu ao encontro uma jovem escrava que estava tomada por um espírito que a usava para prognosticar eventos futuros. Dessa forma, ela arrecadava muito dinheiro para seus senhores, por meio de advinhações.
17, Seguindo a Paulo e a nós, vinha essa moça gritando diante de todos: “Estes homens são servos do Deus Altíssimo e vos anunciam o caminho da salvação!”
18, E ela insistiu em agir assim por vários dias. Finalmente, Paulo irritou-se com aquela atitude e dirigindo-se ao espírito o repreendeu, exclamando: “Ordeno a ti em Nome de Jesus Cristo, retira-te dela!” E ele, naquele mesmo instante, saiu.
Romanos prendem Paulo e Silas
19, Percebendo que a sua esperança de lucro havia se esgotado, os proprietários da escrava agarraram Paulo e Silas e os arrastaram para a praça principal, diante das autoridades.
20, E, apresentando-os aos magistrados locais, os acusaram afirmando: “Estes homens, sendo judeus, perturbam a nossa cidade,
21, pregando costumes que a nós, romanos, não é lícito acatar e tampouco praticar!”
22, Então, uma multidão unânime os atacou, e os magistrados, rasgando-lhes as roupas, ordenaram que fossem açoitados com varas.
23, Depois de tê-los espancado muito, os jogaram na prisão, recomendando ao carcereiro que os vigiasse com toda atenção.
24, Havendo recebido tais ordens expressas, ele os lançou no cárcere interior e lhes prendeu os pés no tronco.
A conversão do carcereiro
25, Por volta da meia-noite, Paulo e Silas estavam orando e entoando hinos de louvor a Deus, enquanto os demais presos os ouviam.
26, De repente, aconteceu um terremoto tão violento que os alicerces da prisão foram abalados. No mesmo momento, todas as portas se abriram, e as correntes que prendiam a todos se soltaram.
27, O carcereiro despertou do sono e, vendo abertas as portas do cárcere, desembainhou sua espada a fim de se matar, pois concluíra que os presos todos houvessem escapado.
28, No entanto, Paulo gritou: “Não te faças isso! Eis que estamos todos aqui!”,
29, Então, o carcereiro pediu luz, correu para dentro e, trêmulo, atirou-se aos pés de Paulo e Silas.
30, Em seguida, conduzindo-os para fora, rogou-lhes: “Senhores, o que preciso fazer para ser salvo?”
31, Eles, prontamente lhe afirmaram: “Crê no Senhor Jesus, e assim serás salvo, tu e os de tua casa!”
32, E lhe ministraram a Palavra de Deus, bem como a todos de sua casa.
33, Naquela mesma hora da noite, tomando-os consigo, lavou-lhes os ferimentos; e logo foi batizado, ele e todas as pessoas de sua casa.
34, Então, insistiu para que subissem à sua casa, onde lhes preparou mesa farta; e, com todos os seus, expressava grande júbilo, por haverem crido em Deus.
Paulo exige justiça ao cidadão
35, Logo que amanheceu, os magistrados mandaram oficiais de justiça ao carcereiro com a seguinte ordem: “Põe aqueles homens em liberdade”.
36, Então, o carcereiro informou a Paulo: “Os magistrados despacharam ordens para que sejais soltos”.
37, No entanto, Paulo lhe afirmou: “Sendo nós cidadãos romanos, açoitaram-nos diante do povo sem processo condenatório formal e nos atiraram ao cárcere. Agora, porém, querem que saiamos sem que ninguém nos veja? De modo algum! Que eles venham, e pessoalmente nos proclame livres de condenação”.
38, E os soldados levaram essa reivindicação aos magistrados, os quais, ao saber que Paulo e Silas eram romanos, ficaram apavorados.
39, Então, foram ter com eles e lhes suplicaram desculpas e, conduzindo-os para fora da prisão, rogaram que se retirassem da cidade.
40, Assim que deixaram a prisão, foram à casa de Lídia, onde se encontraram com os irmãos e os encorajaram. Depois, seguiram viagem. Paulo anuncia Jesus, o Messias
ATOS 17 – PAULO EM TESSALÔNICA
1, E, tendo passado por Anfípolis e Apolônia, chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga judaica.
2, Como fazia habitualmente, Paulo foi à sinagoga e por três sábados argumentou com aquele grupo de pessoas com base nas Escrituras,
3, explicando e comprovando que se fez necessário que o Cristo padecesse e ressuscitasse dentre os mortos. E proclamava: “Este Jesus que vos anuncio é o Messias!”
4, Assim, alguns dos judeus foram convencidos e se uniram a Paulo e Silas, bem como uma multidão de gregos obedientes a Deus e diversas senhoras da alta sociedade local.
5, Porém, os líderes judeus sentiram forte inveja e reuniram alguns homens perversos dentre os desocupados e, agitando a população, iniciaram um tumulto na cidade. Invadiram a casa de Jasom, em busca de Paulo e Silas, com o objetivo de arrastá-los para o centro do ajuntamento da multidão.
6, Todavia, não os encontrando, agarraram Jasom e alguns outros irmãos e os entregaram aos governantes da cidade, exclamando: “Estes que têm causado alvoroço em todo o mundo, agora chegaram também aqui.
7, E Jasom os hospedou em sua casa. Todos eles estão agindo contra os decretos de César, proclamando que existe um outro rei, chamado Jesus!”
8, Ao ouvir tal denúncia, toda a multidão e os governantes da cidade ficaram apreensivos.
9, Apesar disso, libertaram Jasom e os demais irmãos, após o pagamento da fiança estipulada.
Os bereanos estudavam a Palavra
10, Então, logo ao cair da noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Bereia. Chegando ali, dirigiram-se à sinagoga local.
11, Os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, porquanto, receberam a mensagem com vívido interesse, e dedicaram-se ao estudo diário das Escrituras, com o propósito de avaliar se tudo correspondia à verdade.
12, Dessa forma, muitos dentre os judeus creram, bem como um grande número de mulheres gregas da alta sociedade, e não poucos homens gregos.
13, No entanto, quando os líderes judeus de Tessalônica tomaram conhecimento que Paulo estava ensinando a Palavra de Deus em Bereia, rumaram imediatamente para lá, agitando e instigando a população.
14, Rapidamente, os irmãos enviaram Paulo para o litoral, mas Silas e Timóteo permaneceram em Bereia.
15, Os irmãos que acompanhavam Paulo o conduziram até Atenas, partindo depois com orientações para que Silas e Timóteo se reunissem com ele, assim que fosse possível.
Paulo prega Jesus em Atenas
16, Enquanto Paulo esperava por seus companheiros em Atenas, ficou profundamente indignado ao perceber que a cidade tinha ídolos por toda parte.
17, E sobre esse tema dissertava na sinagoga entre os judeus e os gentios obedientes a Deus, bem como na praça principal, diariamente, a todos aqueles que ali estivessem.
18, Então, alguns filósofos epicureus e estóicos começaram a argumentar com ele. Alguns indagavam: “O que deseja comunicar esse tagarela?” Outros comentavam: “Parece ser um anunciador de deuses estranhos”, pois Paulo lhes pregava as Boas Novas de Jesus e a ressurreição.
19, Por essa razão, o levaram a uma reunião no Areópago, onde lhe questionaram: “Podes revelar-nos que nova doutrina é essa sobre a qual dissertas?
20, Pois estás nos apresentando pensamentos estranhos, e desejamos compreender o significado de tais ideias”.
21, Porquanto os cidadãos de Atenas, assim como todos os estrangeiros que ali viviam não se preocupavam com outro assunto senão falar e procurar saber as últimas novidades.
22, Sendo assim, Paulo levantou-se no meio da reunião do Areópago e discursou: “Caros atenienses! Percebo que sob todos os aspectos sois muitíssimo religiosos,
23, pois, caminhando pela cidade, observei cautelosamente seus objetos de adoração e encontrei até um altar com a seguinte inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO. Ora, pois é exatamente este a quem cultuais em vossa ignorância, que eu passo a vos apresentar.
24, O Deus que criou o Universo e tudo o que nele existe é o Senhor dos céus e da terra, e não habita em santuários produzidos por mãos humanas.
25, Ele também não é servido pelas mãos dos homens, como se precisasse de algo, porquanto Ele mesmo concede a todos a vida, o fôlego e supre todas as nossas demais necessidades.
26, De um só homem fez Deus todas as raças humanas, a fim de que povoassem a terra, havendo determinado previamente as épocas e os lugares exatos onde deveriam habitar.
27, Deus assim procedeu para que a humanidade o buscasse e provavelmente, como que tateando, o pudesse encontrar, ainda que, de fato, não esteja distante de cada um de nós:
28, ‘Pois nele vivemos, nos movimentamos e existimos’, como declararam alguns de vossos poetas: ‘Porquanto dele também somos descendentes’.
29, Portanto, considerando que somos geração de Deus, não devemos acreditar que a Divindade possa ser semelhante a uma imagem de ouro, prata ou pedra, esculpida pela arte e idealização humana.
30, Em épocas passadas, Deus não levou em conta essa falta de sabedoria, mas agora ordena que todas as pessoas, em todos os lugares, cheguem ao arrependimento.
31, Porque determinou um dia em que julgará o mundo com o rigor de sua justiça, por meio do homem que para isso estabeleceu. E, quanto a isso, Ele deu provas a todos, ao ressuscitá-lo dentre os mortos!”
Uns debocham, outros crêem
32, Entretanto, alguns deles, assim que ouviram falar sobre a ressurreição dos mortos, começaram a dizer zombarias, e outros, ainda, exclamavam: “Sobre esse assunto te daremos ouvidos numa outra oportunidade”.
33, Depois dessas palavras, Paulo se retirou do meio deles.
34, Aconteceu, porém, que alguns homens se juntaram a Paulo e creram. Entre eles estava Dionísio, membro do conselho do Areópago, e uma mulher chamada Dâmaris, e com eles algumas outras pessoas.
ATOS 18 – PAULO EM CORINTO
1, Logo depois desses acontecimentos, Paulo deixou Atenas e rumou para Corinto.
2, Chegando ali, encontrou um judeu chamado Áquila, natural do Ponto, que tinha acabado de chegar da Itália juntamente com sua esposa Priscila, pois Cláudio havia baixado um decreto intimando que todos os judeus se retirassem de Roma. Paulo, então, foi visitá-los.
3, E, percebendo que tinham a mesma profissão, Paulo passou a morar e trabalhar com eles, pois eram fabricantes de tendas.
4, Assim, todos os sábados ele argumentava na sinagoga, e convencia tanto a judeus quanto a gregos.
Paulo dá tempo integral ao ensino
5, Depois que Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, Paulo começou a consagrar todo o seu tempo ao ensino da Palavra, explicando aos judeus que Jesus é o Messias.
6, Contudo, como estes se opuseram e proferiram insultos graves, Paulo sacudiu a roupa e os sentenciou: “Caia sobre as vossas próprias cabeças toda a responsabilidade de vossas faltas”. Eu estou inocente quanto ao meu dever, e de agora em diante vou dedicar-me aos gentios.
7, Então, saindo da sinagoga, Paulo dirigiu-se à casa de Tício Justo, homem que obedecia a Deus e que morava ao lado da sinagoga.
8, Crispo, administrador da sinagoga, creu no Senhor, ele e toda a sua casa; e da multidão dos coríntios que o ouviam, muitos criam e eram batizados.
9, Numa certa noite, o Senhor falou com Paulo por meio de uma visão, dizendo: “Não tenhas medo! Continua pregando e não te cales.
10, Pois Eu estou contigo, e nenhuma pessoa ousará fazer-te mal ou ferir-te, porquanto tenho muita gente nesta cidade”.
11, Assim, Paulo permaneceu ali durante um ano e seis meses, ensinando a Palavra de Deus ao povo.
Gálio não vê crime em Paulo
12, Quando, porém, Gálio era procônsul da Acaia, os judeus se levantaram unânimes contra Paulo, e o conduziram ao tribunal,
13, protestando: “Este persuade os homens a adorar a Deus de uma forma contrária à lei!”
14, No momento em que Paulo daria início à sua defesa, Gálio os admoestou: “Se, em realidade, houvesse, ó judeus, alguma afronta grave ou crime, certamente e com razão eu os ouviria.
15, Entretanto, visto que se trata de uma questão de palavras e nomes de sua própria lei, ora resolvei isso vós mesmos; pois não quero me dispor a ser juiz desses assuntos!”
16, E ordenou que fossem expulsos do tribunal.
17, Então, todos se voltaram contra Sóstenes, administrador da sinagoga e o espancaram em frente ao tribunal. Contudo, Gálio não expressou qualquer perturbação diante desse episódio.
Paulo conclui sua segunda missão
18, Paulo ficou em Corinto por vários dias; por fim, despedindo-se dos irmãos, navegou para Síria, levando em sua companhia Priscila e Áquila. Porém, antes de embarcar, raspou a cabeça em Cencreia, por causa de um voto que havia feito.
19, Chegaram então a Éfeso, onde Paulo deixou Priscila e Áquila. Ele, no entanto, depois de entrar na sinagoga local, começou a pregar para os judeus.
20, Estes rogaram que permanecesse por mais algum tempo, todavia, ele não aquiesceu.
21, Mas, ao despedir-se deles, ponderou: “Se Deus quiser, voltarei para vós outros”. E, embarcando, partiu de Éfeso.
22, Assim que chegou a Cesareia, subiu até a Igreja para saudá-la e depois desceu para Antioquia.
23, Havendo passado algum tempo em Antioquia, Paulo partiu dali e viajou por toda a região da Galácia e da Frígia, encorajando todos os discípulos.
Paulo em sua terceira missão
24, Enquanto isso, chegou a Éfeso um judeu, natural de Alexandria, chamado Apolo, homem eloquente e que acumulava grande experiência nas Escrituras.
25, Fora instruído no Caminho do Senhor e com notável fervor pregava e ensinava com exatidão a respeito de Jesus, ainda que tivesse apenas o conhecimento do batismo de João.
26, Apolo, portanto, começou a pregar com ousadia na sinagoga. E assim que Priscila e Áquila o ouviram, convidaram-no para uma visita à casa deles e lhe explicaram com acerto e clareza o Caminho de Deus.
27, Então, desejando ele viajar para a Acaia, os irmãos o animaram e escreveram aos discípulos solicitando que o recebessem. Quando chegou, ele auxiliou muito aos que pela graça haviam crido,
28, porquanto refutava veementemente os judeus em debates públicos, provando, por meio das Escrituras, que o Messias é Jesus.
ATOS 19 – PAULO EM EFÉSIO
1, E aconteceu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo atravessou as regiões altas, e chegando a Éfeso, encontrou ali alguns discípulos
2, e lhes indagou: “Recebestes o Espírito Santo na época em que crestes?” Ao que eles replicaram: “De forma alguma, nem sequer soubemos que existe o Espírito Santo!”
3, Diante disso, Paulo questionou: “Ora, em que tipo de batismo fostes batizados, então?” E eles declararam: “No batismo de João”.
4, Então Paulo lhes explicou: “O batismo realizado por João foi um batismo de arrependimento. Ele ordenava ao povo que cresse naquele que viria depois dele, ou seja, em Jesus!”
5, E, compreendendo isso, eles foram batizados no Nome do Senhor Jesus.
6, Quando Paulo lhes impôs as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo e começaram a falar em línguas e a profetizar.
7, Eram ao todo cerca de doze homens.
Paulo ensina e faz maravilhas
8, Assim, durante três meses, Paulo frequentou a sinagoga, onde pregava com ousadia e poder, dissertando com eloquência e convencendo a muitos sobre o Reino de Deus.
9, Todavia, alguns deles demonstraram que seus corações estavam petrificados e descrentes, e passaram a falar mal do Caminho para toda a comunidade. Paulo, então, afastou-se deles, e tomando consigo os discípulos, começou a ensinar diariamente na escola de Tirano.
10, E assim procedeu por dois anos, de forma que todos os habitantes da Ásia pudessem ouvir a Palavra do Senhor, tanto judeus como gregos.
11, Deus fazia milagres maravilhosos por meio das mãos de Paulo,
12, de tal maneira, que até lenços e aventais que Paulo usava eram levados e colocados sobre os doentes. Estes eram curados de todas as suas enfermidades, assim como espíritos malignos eram expelidos deles.
13, E alguns judeus, que peregrinavam praticando exorcismo, tentaram invocar o Nome do Senhor Jesus sobre os tomados por espíritos malignos, mandando: “Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo prega!”
14, Os que assim procediam eram os sete filhos de um judeu chamado Ceva, um dos chefes dos sacerdotes dos judeus.
15, Certo dia, um daqueles espíritos demoníacos lhes respondeu: “Jesus, eu conheço, Paulo, sei quem é; no entanto, vós, quem sois?”
16, Então o endemoninhado avançou sobre eles, os dominou e os agrediu com tamanha violência, que, desnudos e feridos, fugiram daquela casa.
17, Assim que esse acontecimento se tornou conhecido de todos os judeus e gregos que habitavam em Éfeso, toda a população foi tomada de grande temor, e o Nome do Senhor Jesus era engrandecido.
18, Muitos dos que creram, assim que chegavam, começavam a confessar e a declarar em público suas más obras praticadas.
19, Da mesma forma, muitos dos que haviam se dedicado ao ocultismo, reunindo seus livros de magia, os queimaram diante de toda a comunidade reunida. Calculados os seus preços, chegou-se à estimativa de que o valor total equivalia a cinquenta mil moedas de prata.
20, E assim, a Palavra do Senhor era grandemente propagada e prevalecia poderosamente.
Paulo envia Timóteo e Erasto
21, Passados esses acontecimentos, Paulo decidiu, no seu espírito, ir para Jerusalém, passando pela Macedônia e pela Acaia, e projetava: “Depois de haver estado ali, é necessário igualmente que eu veja Roma”.
22, E, enviando à Macedônia dois dos seus cooperadores, Timóteo e Erasto, ficou por mais algum tempo na província da Ásia.
Tumulto na assembleia do povo
23, Naquele tempo aconteceu grande alvoroço por causa do Caminho.
24, Um ourives chamado Demétrio, que confeccionava miniaturas de prata do templo de Diana e proporcionava grandes lucros aos artífices,
25, promoveu uma reunião destes com os demais trabalhadores dessa profissão e lhes declarou: “Senhores! Sabeis que deste ofício vem o nosso enriquecimento.
26, E estais observando e ouvindo que não apenas em Éfeso, como também em quase toda a província da Ásia, esse indivíduo Paulo, tem persuadido e alterado o modo de viver de muitas pessoas, afirmando que deuses feitos por mãos humanas não têm poder divino!
27, Ao continuar isso, corremos o risco de ver não apenas nossa arte perder o prestígio que ostenta diante de todos, como também de o templo de a grande deusa Diana cair em descrédito. E mais, de a própria deusa, hoje adorada em toda a província da Ásia e em todo o mundo, ser destituída de sua majestade divina”.
28, Assim que ouviram isso, foram tomados de grande ira e começaram a exclamar: “Grande é a Diana dos efésios!”
29, Rapidamente, toda a cidade foi envolvida por absoluto alvoroço. O povo correu alucinado para o teatro, arrastando os companheiros de ministério de Paulo, os macedônios Gaio e Aristarco.
30, Então, Paulo quis apresentar-se à multidão, mas os discípulos o contiveram.
31, Também alguns dos oficiais religiosos romanos, amigos de Paulo, chegaram a mandar-lhe um recado expresso, rogando-lhe que não se arriscasse a ir ao teatro.
32, A assembleia estava em total confusão. Uns gritavam de uma forma; outros, protestavam de outra. E a maior parte das pessoas, nem sabia ao certo porque estavam concentradas ali.
33, Um grupo saído da multidão julgou que Alexandre fora o causador daquele tumulto, quando os judeus o impeliram para que fosse à frente. Ele, por sua vez, fazia sinal com as mãos, solicitando silêncio ao povo, para que pudesse expressar sua defesa pública.
34, Todavia, assim que perceberam que ele era judeu, todos, a uma só voz, exclamaram durante quase duas horas sem parar: “Grande é a Diana dos efésios!”
35, Então, o secretário geral da cidade acalmou a multidão e ponderou-lhes: “Caros cidadãos efésios! Quem, porventura, desconhece que a cidade de Éfeso é guardiã do templo da grande Ártemis e da sua imagem que caiu de Zeus?”
36, Portanto, considerando que estes acontecimentos são inegáveis, convém que vos aquieteis e nada façais irrefletidamente.
37, Porque estes homens, que aqui trouxestes, não são ladrões de templos, nem tampouco blasfemaram contra nossa deusa.
38, Assim, se Demétrio e os artífices que o acompanham têm alguma queixa contra alguém, os tribunais estão abertos, e há procônsules para isso. Eles que apresentem suas denúncias ali.
39, Contudo, caso haja qualquer outro pleito, este deverá ser decidido em assembleia regular, conforme a lei.
40, Porquanto, da forma como estamos procedendo, corremos o perigo de sermos acusados de perturbar a ordem pública, tendo em vista o tumulto ocorrido hoje. E, neste caso, não nos haveria motivo razoável que pudéssemos alegar para justificar tamanha movimentação do povo”.
41, E, tendo dito isso, desfez a assembleia.
ATOS 20 – PAULO NA MACEDÔNIA E GRÉCIA
1, Passado aquele alvoroço, Paulo mandou chamar os discípulos, e havendo-os encorajado, despediu-se e partiu para a região da Macedônia.
2, Viajou por toda a região, animando os irmãos com muitas exortações e, finalmente, chegou à Grécia,
3, onde permaneceu por três meses. Quando estava pronto para embarcar para Síria, os judeus moveram uma conspiração contra ele; por isso, decidiu retornar pela Macedônia,
4, no que foi acompanhado por Sópatro, filho de Pirro, de Bereia; Aristarco e Secundo, de Tessalônica; Gaio, de Derbe; e Timóteo, além de Tíquico e Trófimo, da província da Ásia.
5, Esses irmãos, porém, foram adiante e nos esperaram em Trôade.
6, E nós, depois dos dias dos Pães sem Fermento, navegamos de Filipos e, em cinco dias, nos encontramos com eles no porto de Trôade, onde ficamos por mais sete dias. Paulo ressuscita o jovem Êutico
7, No primeiro dia da semana nos reunimos com a finalidade de partir o pão, e Paulo pregou ao povo. Planejando seguir viagem no dia seguinte, continuou falando até a meia-noite.
8, Havia muitas tochas iluminando a grande sala, no piso superior, onde estávamos reunidos.
9, Certo jovem chamado Êutico, que estava sentado numa das janelas, adormeceu profundamente durante o longo sermão de Paulo. Vencido pelo sono, caiu do terceiro andar. Quando tentaram erguê-lo, já estava morto.
10, Contudo, descendo Paulo, debruçou-se sobre o rapaz e o abraçou, declarando: “Não vos alarmeis, pois sua alma vive!”
11, Em seguida, subindo novamente, partiu o pão e comeu. Depois, continuou a pregar até o alvorecer, quando saiu para continuar sua jornada.
12, Então conduziram vivo o rapaz e sentiram-se extremamente confortados.
Paulo decide ir a pé até Assôs
13, Nós, entretanto, nos dirigimos ao navio e embarcamos para Assôs, onde receberíamos Paulo a bordo. Pois assim ele havia determinado, tendo preferido ir a pé.
14, Quando nos alcançou em Assôs, o recebemos a bordo e seguimos viagem até Mitilene.
15, No dia seguinte, navegamos dali e chegamos em frente de Quio. No outro dia, cruzamos para Samos e, um dia depois, chegamos a Mileto.
16, Porquanto, Paulo havia decidido não aportar em Éfeso, para não se demorar na província da Ásia, pois tinha muita pressa de chegar a Jerusalém, se possível, antes do dia de Pentecoste.
Paulo exorta os presbíteros
17, De Mileto Paulo pediu para que fossem chamados os presbíteros da Igreja de Éfeso.
18, Assim que se reuniram, Paulo lhes declarou: “Vós bem sabeis como foi que me comportei entre vós durante todo o tempo em que vivi convosco, desde o primeiro dia em que cheguei à província da Ásia.
19, Servi ao Senhor com toda a humildade e com lágrimas, sendo impiedosamente provado pelas ciladas dos judeus.
20, Sabeis igualmente, que jamais deixei de vos pregar nada que fosse proveitoso, mas vos ensinei tudo em público e de casa em casa.
21, Testemunhei, tanto a judeus como a gregos, que eles necessitam converter-se a Deus sob total arrependimento e fé em nosso Senhor Jesus.
22, Agora, pois, compelido pelo Espírito Santo, estou seguindo para Jerusalém, desconhecendo o que ali me sucederá.
23, Sei, no entanto, que em todas as cidades o Espírito Santo me previne que prisões e sofrimentos estão preparados para mim.
24, Contudo, nem por um momento considero a minha vida como valioso tesouro para mim mesmo, contanto que possa completar a missão e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do Evangelho da graça de Deus.
25, Estou consciente de que, desde agora, nenhum de vós, entre os quais passei ensinando sobre o Reino, vereis outra vez o meu rosto.
26, Portanto, hoje vos proclamo que estou inocente do sangue de todos.
27, Porque jamais deixei de vos ensinar toda a vontade de Deus.
28, Concluindo, tende cuidado de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos estabeleceu como epíscopos para pastoreardes a Igreja de Deus, que Ele comprou com o sangue do seu Filho Unigênito.
29, Eu sei que, logo após minha partida, lobos ferozes se infiltrarão por entre a vossa comunidade e não terão piedade do rebanho.
30, E ainda mais, dentre vós mesmos surgirão homens que torcerão a verdade, com o propósito de conquistar os discípulos para si.
31, Por isso, vigiai! Lembrai-vos de que, durante três anos, noite e dia, não parei de prevenir a cada um de vós, com lágrimas, quanto a isso.
32, Agora, pois, eu vos dedico aos cuidados especiais de Deus e à Palavra da sua graça, que tem o poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados.
33, De ninguém cobicei prata, nem ouro nem roupas.
34, Vós mesmos sois testemunhas que estas mãos trabalharam para suprir minhas necessidades e as de meus companheiros.
35, Por meio de todas as minhas realizações, tenho-vos mostrado que, mediante trabalho árduo, devemos cooperar com os necessitados, lembrando as palavras do próprio Senhor Jesus: ‘É mais bem-aventurado dar do que receber’”.
Paulo se despede orando com todos
36, Havendo concluído essas declarações, ajoelhou-se com todos eles e orou.
37, Então, abateu-se sobre todos profundo sentimento de tristeza, e abraçando afetuosamente a Paulo, o beijavam.
38, O que mais sensibilizou a todos foi a revelação de que nunca mais veriam o seu rosto. E, assim, o acompanharam até o navio.
ATOS 21 – PAULO ZARPA DE MILETOS
1, Então, após nos apartarmos deles, embarcamos e navegamos diretamente para Cós. No dia seguinte, chegamos a Rodes, e dali a Pátara.
2, Encontrando um navio que seguia para a Fenícia, embarcamos e partimos.
3, Ao avistarmos Chipre e seguirmos em direção ao sul, navegamos para a Síria. Desembarcamos em Tiro, onde nosso navio deveria ser descarregado.
4, Havendo encontrado os discípulos locais, ficamos com eles sete dias. E eles, pelo Espírito, recomendavam a Paulo que não seguisse para Jerusalém.
5, Todavia, quando se encerrou nosso tempo naquele local, partimos e demos continuidade à nossa viagem. Todos os discípulos, com suas esposas e filhos, nos acompanharam até fora da cidade, e ali na praia nos ajoelhamos e oramos.
6, Então, nos despedimos uns dos outros, embarcamos, e eles retornaram para suas casas.
7, Concluída a nossa viagem, de Tiro chegamos a Ptolemaida; e depois de saudar a todos os irmãos, passamos o dia com eles.
8, Partindo no dia seguinte, fomos para Cesareia; ali chegamos e fomos recebidos na casa de Felipe, o evangelista, que era um dos sete.
9, Ele tinha quatro filhas virgens que profetizavam.
10, Demorando-nos ali por muitos dias, desceu da Judeia um profeta chamado Ágabo.
11, Ele chegou com o propósito de falar conosco, e assim que nos encontrou, tomou o cinto de Paulo e, amarrando os seus próprios pés e mãos, profetizou: “Assim diz o Espírito Santo: ‘Desta maneira os judeus em Jerusalém amarrarão o homem a quem pertence esse cinto e o entregarão nas mãos dos gentios!’”
12, Assim que ouvimos tal revelação, nós e todo o povo local suplicamos a Paulo que não subisse para Jerusalém.
13, Então Paulo declarou: “Por que fazeis isso? Não choreis, pois assim fazendo, partis meu coração! Eis que estou pronto não apenas para ser amarrado, mas também a morrer em Jerusalém pelo Nome do Senhor Jesus!”
14, Assim, como não nos foi possível demovê-lo, aquiescemos e exclamamos: “Faça-se, pois, a vontade do Senhor!”
15, Havendo passado aqueles dias, preparamos as cavalgaduras e subimos rumo a Jerusalém.
16, E alguns dos discípulos de Cesareia nos acompanharam e nos conduziram à casa de Mnasom, que era natural de Chipre, um dos primeiros discípulos, com quem iríamos nos hospedar.
A entrada de Paulo em Jerusalém
17, Havendo nós chegado a Jerusalém, vieram os irmãos e nos receberam com grande alegria.
18, No dia seguinte, Paulo seguiu em nossa companhia para encontrar-se com Tiago; e todos os presbíteros estavam reunidos.
19, Então Paulo os saudou e passou a relatar-lhes em detalhes o que Deus havia realizado entre os gentios por intermédio do seu ministério.
20, Ouvindo isso, eles glorificaram a Deus e declaram-lhe: “Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus têm crido e todos são zelosos da Lei!
21, Porém, eles têm sido informados a teu respeito, de que ensinas todos os judeus que estão entre os gentios a se afastarem de Moisés, pregando que não circuncidem seus filhos nem tampouco andem segundo as tradições e costumes.
22, Que faremos, portanto? Certamente todos saberão que chegaste.
23, Faze, pois, o que te vamos orientar. Estão conosco quatro homens que fizeram um voto.
24, Participa com esses homens dos rituais de purificação e paga as despesas deles, para que rapem a cabeça. Dessa forma, todos observarão que é falso o que ouviram a teu respeito, e que, em verdade, tu mesmo continuas andando sob absoluta obediência à Lei.
25, Entretanto, quanto aos gentios que se converteram, já lhes escrevemos a nossa determinação para que se abstenham de comer qualquer alimento oferecido aos ídolos, do sangue, da carne de animais estrangulados e de todo tipo de imoralidade sensual”.
26, Diante disso, no dia seguinte, Paulo levou consigo aqueles homens e passou com eles pelos rituais de purificação. Em seguida, foi ao templo para declarar o prazo do cumprimento dos dias da purificação e da oferta que seria consagrada individualmente em favor deles.
Paulo é agredido e preso
27, Contudo, quando os sete dias estavam quase terminando, alguns judeus da província da Ásia, observando Paulo no templo, incitaram toda a multidão e o agarraram,
28, esbravejando: “Homens de Israel, ajudai! Este é o homem que por toda parte prega a todos contra o nosso povo, contra a Lei e contra este lugar. Além de tudo, introduziu gregos no templo e profanou este santo lugar!”
29, Diziam isso, pois o haviam visto na cidade, com Trófimo, o efésio, e presumiram que Paulo o havia trazido ao templo.
30, Por esse motivo, toda a cidade se alvoroçou, e houve grande ajuntamento de pessoas. Então, agredindo Paulo, arrastaram-no para fora do templo e, em seguida, as portas do templo foram fechadas.
Paulo é salvo da fúria do povo
31, Enquanto estavam tentando matá-lo, chegou ao comandante das tropas romanas a informação de que toda a cidade de Jerusalém estava sob grande tumulto.
32, Então, no mesmo instante, reuniu alguns de seus soldados e oficiais e correu até o centro da multidão alvoroçada. Quando viram o comandante com seus soldados, pararam de espancar a Paulo.
33, Assim que chegou, o comandante mandou prender a Paulo e ordenou que ele fosse algemado a duas correntes. Depois interrogou quem era ele e o que havia feito.
34, E do meio da multidão uns gritavam de uma maneira e outros de outra. Sem conseguir deduzir a verdade por causa do alvoroço, ordenou que Paulo fosse levado para a fortaleza.
35, Ao chegar às escadas, a violência da multidão era tão feroz que Paulo precisou ser carregado pelos soldados.
36, E a multidão que os seguiam não parava de gritar: “Mata-o!”
Paulo fala da sua missão em Cristo
37, Pouco antes de ser levado para dentro da fortaleza, Paulo solicitou ao comandante: “Tenho permissão para te dirigir a palavra?” Então, o comandante lhe indagou: “Falas a língua grega?
38, Não és, porventura, o egípcio que há algum tempo deu início a uma revolução e levou para o deserto quatro mil terroristas armados?”
39, Ao que Paulo declarou: “Sou judeu, cidadão de Tarso, cidade de grande importância na Cilícia. Peço-te que me consintas falar ao povo.
40, O comandante lhe deu permissão. Então Paulo, colocou-se em pé na escada e fez sinal à multidão. Quando todas as pessoas se aquietaram, Paulo começou a lhes falar em aramaico:
ATOS 22 – DEFESA DE PAULO PERANTE OS JUDEUS
1, “Irmãos e pais! Dai ouvidos à minha defesa, que neste momento apresento diante de vós”.
2, E, assim que ouviram que lhes falava em aramaico, guardaram o mais atento silêncio.
3, Então Paulo declarou: “Sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade. Fui educado rigorosamente na Lei de nossos antepassados, aos pés de Gamaliel, sendo tão zeloso por Deus, assim como estais sendo vós neste dia.
4, Persegui os seguidores do Caminho até a morte, algemando tanto homens quanto mulheres e jogando-os no cárcere,
5, como bem pode testemunhar o sumo sacerdote, assim como todo o conselho dos anciãos. Visto que deles recebi cartas requisitando a cooperação dos irmãos, e segui para Damasco, com a finalidade de deter e trazer algemados para Jerusalém os que ali estivessem para serem severamente punidos.
6, Entretanto, por volta do meio-dia, enquanto me aproximava de Damasco, de repente, uma fulgurante luz vinda do céu reluziu ao meu redor.
7, Caí por terra e ouvi uma voz que me indagava: ‘Saul, Saul, por que me persegues?’
8, Diante disso, perguntei: Quem és tu, Senhor? Ao que Ele me afirmou: ‘Eu Sou Jesus, o nazareno, a quem persegues!’
9, E aqueles homens que me acompanhavam também viram o brilho da luz, mas não compreenderam a voz daquele que falava comigo.
10, Então inquiri: Senhor, que devo fazer? E o Senhor me ordenou: ‘Levanta-te e segue para Damasco, onde te será comunicado tudo o que necessitas fazer’.
11, Tendo ficado cego devido ao intenso resplendor daquela luz, cheguei a Damasco guiado pela mão dos meus companheiros de viagem.
12, Um homem piedoso segundo a Lei, chamado Ananias, e muito respeitado por todos os judeus que ali moravam,
13, veio ao meu encontro e, colocando-se de pé ao meu lado, determinou: ‘Irmão Saulo, recupera a tua visão!’
14, Em seguida ele me revelou: ‘O Deus dos nossos antepassados te escolheu para conheceres sua vontade, veres o Justo e ouvires a Palavra da sua própria boca.
15, Pois serás sua testemunha, perante todas as pessoas, dos sinais que tens visto e ouvido.
16, E, agora, o que mais esperas? Levanta-te, sê batizado e lava os teus pecados, invocando o Nome do Senhor’.
17, Quando retornei a Jerusalém, estando eu a orar no templo, caí em êxtase e
18, vi o Senhor que me ordenava: ‘Apressa-te e sai logo de Jerusalém, porquanto não receberão o teu testemunho acerca da minha pessoa!’
19, Ao que eu indaguei: Mas Senhor, todos eles sabem que eu fui o responsável pela detenção e encarceramento dos que criam em Ti e os açoitava de sinagoga em sinagoga.
20, E mais, quando foi derramado o sangue de Estevão, tua testemunha, eu lá estava pessoalmente observando tudo, dando minha aprovação e tomando conta das capas dos que o matavam.
21, Contudo, o Senhor me ordenou: ‘Vai, porque Eu te enviarei para longe, aos gentios!’ Paulo, judeu e cidadão romano
22, A multidão acompanhava o discurso de Paulo até o momento em que ele disse isso. Então, todos ergueram a voz e começaram a esbravejar: “Tira da face da terra esse tal homem, pois ele não merece viver!”
23, Enquanto gritavam, tiravam as capas e jogavam poeira para o ar,
24, o comandante mandou que Paulo fosse conduzido para o interior da fortaleza, ordenando imediato interrogatório sob chicotadas, a fim de que pudessem apurar a razão de tamanha insatisfação do povo contra ele.
25, Enquanto o amarravam para dar início aos açoites, Paulo perguntou ao centurião que ali estava: “A lei vos permite flagelar um cidadão romano, sem que este tenha sido condenado?”
26, Assim que ouviu isso, o centurião correu até o comandante e o preveniu: “O que estás fazendo? Esse homem é cidadão romano!”
27, Então, o comandante veio até Paulo e o questionou: “Dize-me, tu és cidadão romano? Ao que ele lhe afirmou: “Sou!”
28, Replicou-lhe o comandante: “Eu precisei pagar uma grande soma em dinheiro para adquirir o direito de ser cidadão”. Retrucou-lhe Paulo: “Pois é, eu, no entanto, o tenho por direito de nascimento”.
29, Diante disso, no mesmo instante, se afastaram de Paulo aqueles que o iriam interrogar por meio de açoites. O próprio comandante ficou temeroso, ao saber que havia amarrado com correias a um cidadão romano.
30, No dia seguinte, desejando compreender qual era, de fato, a acusação dos judeus libertou Paulo e mandou que se reunissem os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrio. Então, convocando Paulo, apresentou-o diante deles.
ATOS 23 – PAULO PERANTE O CONSELHO
1, Paulo, olhando atentamente para o Sinédrio, declarou: “Caros compatriotas, até o dia de hoje tenho cumprido meu dever perante Deus com toda a boa consciência!”
2, Entretanto, o sumo sacerdote Ananias deu ordens aos que estavam mais próximos de Paulo para que lhe esbofeteassem na boca.
3, Diante disso, Paulo lhe afirmou: “Deus te ferirá, parede caiada! Pois tu estás aí sentado para julgar-me segundo a lei, e contra a lei mandas que eu seja agredido?”
4, Os que estavam ao redor, exclamaram: “Como ousas insultar o sumo sacerdote de Deus?”
5, Então Paulo replicou: “Eu não sabia, irmãos, que esse homem é o sumo sacerdote; afinal está escrito: ‘Não falarás mal de uma autoridade do teu povo’.
6, Contudo, sabendo Paulo que uma parte do Sinédrio se compunha de saduceus e outra de fariseus, bradou diante de todos: “Irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseus. Eis que estou sendo julgado por causa da minha esperança na ressurreição dos mortos!”
7, Ao proferir essas palavras, estabeleceu-se uma violenta polêmica entre os fariseus e os saduceus e a assembleia ficou dividida.
8, Porquanto, os saduceus afirmam que não existe ressurreição nem anjos nem espíritos. Os fariseus, porém, acreditam em tudo isso.
9, Houve, então, muita discussão e gritaria. Alguns dos mestres da lei que eram fariseus se levantaram e começaram a esbravejar: “Não encontramos neste homem mal algum! Quem pode garantir que não foi mesmo um espírito ou anjo que falou com ele?”
10, Diante disso, a discussão se tornou tão acirrada que o comandante teve receio que Paulo fosse estraçalhado pela multidão enfurecida. Então, ordenou que as tropas descessem e o tirassem à força do meio deles e o levassem para a fortaleza.
Jesus aparece outra vez a Paulo
11, Na noite seguinte, o Senhor surgiu ao lado de Paulo e lhe afirmou: “Sê corajoso! Assim como deste testemunho da minha pessoa em Jerusalém, deverá de igual modo testemunhar em Roma”.
Os judeus tramam matar Paulo
12, Na manhã seguinte, os judeus planejaram uma cilada e juraram solenemente que não comeriam nem beberiam enquanto não tirassem a vida de Paulo.
13, Mais de quarenta homens faziam parte desta conspiração.
14, Estes foram até os chefes dos sacerdotes e aos líderes dos judeus e rogaram: “Fizemos um juramento, sob pena de maldição, de não provarmos alimento algum até matarmos a Paulo.
15, Agora, portanto, juntamente com o Sinédrio, solicitai ao comandante que o mande descer diante de vós como se fôsseis investigar com mais exatidão sobre o seu caso. Assim, estaremos preparados para matá-lo antes que consiga chegar até aqui”.
16, Porém, o sobrinho de Paulo, filho de sua irmã, ficou sabendo dessa trama, dirigiu-se à fortaleza e contou tudo a Paulo
17, que, chamando um dos centuriões, rogou-lhe: “Leva este rapaz ao comandante, porque tem algo importante a comunicar-lhe”.
18, Tomando-o, pois, conduziu-o ao comandante e lhe declarou: “O prisioneiro Paulo me chamou e pediu que trouxesse à tua presença este moço, que tem algo importante a revelar-te”.
19, Então, o comandante tomou o jovem pela mão e, levando-o à parte, indagou-lhe: “O que tens para dizer-me?”
20, Ao que ele revelou: “Os judeus combinaram solicitar-te que amanhã ordenes a Paulo descer ao Sinédrio, fingindo ter de investigar com maior precisão o caso dele.
21, Não te deixes persuadir por eles, porquanto há mais de quarenta deles à espreita contra Paulo; eles juraram sob pena de maldição não comer nem beber até que tirem a vida dele. Agora, pois, estão prontos apenas aguardando a tua palavra de consentimento”.
22, Então, o comandante mandou o rapaz sair, ordenando-lhe que a ninguém contasse que lhe havia revelado aquilo.
23, Em seguida, chamando dois centuriões, determinou-lhes: “Preparai um destacamento de duzentos soldados, setenta cavaleiros e duzentos lanceiros a fim de rumarem para Cesareia, ainda esta noite às nove horas.
24, Providenciai também montarias para Paulo, e levai-o em segurança ao governador Félix”.
25, E o comandante escreveu-lhe uma carta nestes termos:
A carta de Cláudio a Félix
26, “Cláudio Lísias, ao excelentíssimo governador Félix, saudações.
27, Este homem foi preso pelos judeus e estava a ponto de ser morto por eles quando intervi a seu favor com a tropa e o livrei, assim que soube que era um cidadão romano.
28, Entretanto, desejando apurar o exato motivo da acusação, levei-o ao Sinédrio dos judeus.
29, Entendi que ele era acusado de questões concernentes às leis deles, mas que nada havia nele que justificasse a pena de morte ou mesmo de prisão.
30, Quando fui informado de que havia uma conspiração para tirar a vida deste homem, logo o enviei a ti, intimando também seus acusadores que apresentassem o caso contra ele diante de ti”.
31, E, tomando Paulo, conforme lhes fora ordenado, os soldados o levaram durante a noite a Antipátride.
32, Todavia, assim que amanheceu, deixaram a cavalaria prosseguir com ele e voltaram para a fortaleza.
33, Quando a cavalaria chegou a Cesareia, entregou a carta ao governador e apresentou-lhe Paulo.
34, O governador leu a carta e questionou de que província era ele. Ao saber que Paulo era da Cilícia,
35, ordenou: “Vou ouvir-te quando teus acusadores chegarem também”. E mandou que fosse mantido sob custódia no palácio de Herodes.
ATOS 24 – PAULO PERANTE FÉLIX
1, Passados cinco dias, desceu a Cesareia, o sumo sacerdote, Ananias, juntamente com alguns líderes dos judeus e um advogado chamado Tértulo, os quais apresentaram diante do governador seus protestos contra Paulo.
2, Quando foi requerida a presença de Paulo, começou Tértulo a acusá-lo: “Excelentíssimo Félix! Havendo nós, por teu intermédio, desfrutado de um longo período de paz, bem como, por tua providência, reformas são continuamente implementadas nesta nação.
3, Em tudo e em toda parte nós reconhecemos teus benefícios com profunda gratidão, ó excelentíssimo Félix.
4, Portanto, a fim de não tomar-te mais tempo, rogamos-te o favor de ouvir-nos por breve momento.
5, Concluímos que este homem é um perturbador, porquanto promove tumultos entre os judeus pelo mundo todo, sendo o principal líder da seita dos nazarenos.
6, Ele tentou até mesmo profanar o templo, mas nós o prendemos, e era nosso desejo julgá-lo conforme os ditames da nossa lei.
7, Entretanto, o comandante Lísias interveio, e, usando de violência, o arrebatou de nossas mãos e ordenou que os queixosos viessem apresentar seus protestos diante de ti.
8, Assim, se tu mesmo o interrogares, poderás verificar a verdade a respeito de todas estas acusações que estamos fazendo contra ele!”
9, Em seguida, os líderes judeus confirmaram a acusação, testemunhando que tais afirmações eram, de fato, verídicas.
Paulo expõe sua defesa
10, Então, Paulo, tendo atendido ao sinal do governador para que falasse, exclamou: “Sei que há muitos anos tens sido juiz sobre esta nação e por essa razão, sinto-me motivado a falar em minha própria defesa.
11, Bem podes verificar com facilidade que não faz mais de doze dias desde que subi de Jerusalém para adorar a Deus.
12, Aqueles que me protestam não me acharam conversando com ninguém no templo, nem tumultuando o povo nas sinagogas ou em qualquer outro lugar da cidade!
13, Nem ao menos tem como te provar as acusações que nesse momento estão levantando contra mim diante de ti.
14, Contudo, confesso-te que sirvo sim ao Deus de nossos pais como discípulo do Caminho, a que denominam seita. Creio em tudo o que está de acordo com a Lei e no que está escrito nos Profetas,
15, depositando em Deus a mesma esperança desses homens; de que haverá ressurreição, tanto de justos como de injustos.
16, Por esse motivo, busco sempre manter minha consciência limpa na presença de Deus e dos homens.
17, Depois de vários anos ausente de Jerusalém, voltei trazendo ajuda financeira doada ao meu povo, bem como para apresentar ofertas a Deus.
18, Enquanto assim procedia, já cerimonialmente purificado, encontraram-me no templo, no entanto, sem envolver-me em qualquer incitamento público ou tumulto.
19, Contudo, há alguns outros líderes judeus da província da Ásia que deveriam estar aqui diante da tua presença para apresentar seus protestos, se tivessem alguma acusação contra mim.
20, Ou, ao menos, aqueles que aqui se encontram, professem que crime encontraram em mim, quando compareci perante o Sinédrio,
21, a não ser com referência a essa única palavra que bradei, estando no meio deles: É por causa da ressurreição dos mortos que hoje estou sendo condenado por vós!”
Félix e sua esposa ouvem Paulo
22, E aconteceu que Félix, tendo bom conhecimento do Caminho, adiou o julgamento da causa, determinando: “Quando o comandante Lísias chegar aqui, decidirei a vossa questão!”
23, Em seguida, ordenou ao centurião que mantivesse Paulo sob custódia, mas que lhe desse certa liberdade e permitisse aos seus companheiros que o servissem.
24, Passados vários dias, Félix veio com Drusila, sua esposa que era judia, e ordenou que lhe trouxessem Paulo e o ouviu falar sobre a fé em Cristo Jesus.
25, Quando Paulo começou a pregar sobre a justiça, o domínio próprio e o juízo vindouro, Félix ficou apavorado e exclamou: “Basta, por agora! Podes retirar-te, em outra ocasião, mais conveniente, te mandarei chamar outra vez”.
26, Ao mesmo tempo, esperava que Paulo lhe oferecesse algum suborno e, por isso, o convocava para frequentes conversas.
27, E, assim, passaram-se dois anos, quando Félix foi sucedido por Pórcio Festo; todavia, como desejava manter a simpatia dos judeus, Felix deixou Paulo encarcerado.
ATOS 25 – PAULO PERANTE FESTUS
1, Festo chegou à província e, depois de três dias, subiu de Cesareia a Jerusalém.
2, Os chefes dos sacerdotes e os mais eminentes líderes judeus compareceram diante dele e apresentaram-lhe as acusações contra Paulo.
3, Então, rogaram a Festo o favor de transferir Paulo para Jerusalém, em detrimento do direito de Paulo, pois estavam tramando matá-lo na estrada.
4, Todavia, Festo respondeu: “Paulo está detido em Cesareia, e eu mesmo brevemente partirei para lá.
5, Enviem comigo alguns dos seus líderes e apresentem ali os vossos protestos contra esse homem, se de fato ele cometeu algum crime”.
6, Havendo passado entre eles cerca de oito a dez dias, desceu para Cesareia e, no dia seguinte, convocou o tribunal e mandou que Paulo fosse trazido diante dele.
7, Assim que Paulo apareceu, os líderes judeus que haviam chegado de Jerusalém se aglomeraram ao seu redor, lançando sobre ele um grande número de ofensas e graves acusações, sobre as quais não tinham provas.
8, Então, Paulo tomou a palavra em sua defesa: “Em verdade não tenho cometido pecado algum contra a Lei dos judeus, nem contra o templo ou tampouco contra César.
9, Porém, Festo, desejando ser agradável aos judeus, inquiriu a Paulo: “Desejas tu subir a Jerusalém para ali ser julgado por mim a respeito dessas acusações?”
10, Replicou-lhe Paulo: “Eis que estou diante do tribunal de César, onde convém seja eu julgado; nenhum crime pratiquei contra os judeus, como tu muito bem sabes.
11, Contudo, se fiz qualquer mal ou pratiquei algum crime que mereça a pena de morte, estou pronto para morrer. Mas, se não são verdadeiras as acusações que me afrontam esses homens, ninguém tem o direito de me entregar a eles. Portanto, apelo para César!”
12, Assim, depois de haver consultado seus conselheiros, Festo determinou: “Apelaste para César, para César irás!”
Festo aconselha-se com Agripa
13, Passados alguns dias, chegaram a Cesareia, o rei Agripa e Berenice em visita de boas-vindas a Festo.
14, E, como ficaram na cidade por muitos dias, Festo expôs ao rei o caso de Paulo, compartilhando: “Há aqui certo homem que Félix abandonou na prisão.
15, Quando estive em Jerusalém, os chefes dos sacerdotes e os líderes dos judeus protestaram graves acusações contra ele, reivindicando que fosse condenado.
16, Entretanto, eu lhes expliquei que não é costume dos romanos condenar ninguém sem que o acusado tenha diante de si os acusadores e possa exercer plenamente o seu direito à defesa.
17, Quando eles se reuniram aqui, no dia seguinte, sem perda de tempo, convoquei o tribunal e ordenei que o homem fosse apresentado.
18, No entanto, quando seus acusadores se levantaram para proceder às acusações, não apontaram nenhum dos crimes que eu imaginava.
19, Ao contrário, levantaram apenas algumas questões relativas à sua própria religião, sobre as quais discordavam dele; e quanto a um certo Jesus, já morto, o qual Paulo alega insistentemente que está vivo.
20, Diante de tudo isso, fiquei sem saber como investigar corretamente a questão; por isso, indaguei se ele estaria disposto a ir a Jerusalém e ali ser julgado a respeito destas acusações.
21, Porém, apelando Paulo para que ficasse sob custódia até ser julgado pelo imperador, ordenei que permanecesse detido, aguardando o momento em que eu o pudesse enviar a César”.
22, Então, o rei Agripa propôs a Festo: “Pois eu também gostaria de ouvir esse homem”. Ao que Festo consentiu: “Amanhã o ouvirás”.
Paulo diante de Agripa e sua corte
23, No dia seguinte, Agripa e Berenice chegaram com grande pompa e entraram na sala de audiências juntamente com seus altos oficiais e os homens mais importantes da cidade. Então, por ordem de Festo, Paulo foi trazido.
24, Em seguida, Festo declarou: “Rei Agripa e vós todos que estais presentes conosco, vedes que aqui está o homem por causa de quem toda a comunidade dos judeus, tanto em Jerusalém como aqui, recorreu a mim, afirmando que ele não deve mais viver.
25, Eu, todavia, entendi que ele não havia praticado nada que mereça pena de morte. Mas, como ele apelou para o imperador, decidi enviá-lo a Roma.
26, No entanto, não tenho ainda nada definido quanto ao que escrever sobre ele ao nosso soberano. Por essa razão, eu o trouxe perante vós, especialmente diante de ti, ó rei Agripa, para que, depois de realizado esse interrogatório, eu tenha informações mais claras a prestar.
27, Porquanto, não me parece sensato enviar um preso sem antes notificar as acusações que pesam sobre ele”.
ATOS 26 - DEFESA DE PAULO PERANTE AGRIPA
1, Então, Agripa, dirigindo-se a Paulo, declarou: “É permitido que faças uso da palavra em tua defesa!” Em seguida, Paulo fez um sinal com a mão e iniciou a apresentação de sua defesa:
2, “Ó rei Agripa, considero-me abençoado por poder estar hoje em tua presença a fim de verbalizar minha defesa contra todas as acusações dos líderes judeus,
3, especialmente porque és versado em todos os costumes e questões que há entre os judeus. Por este motivo, rogo-te que me ouças com paciência.
4, É do pleno conhecimento de todos os judeus como tenho vivido desde criança, tanto em minha terra natal como em Jerusalém.
5, Eles me conhecem há muito tempo e podem testemunhar, se assim o desejarem, que como fariseu, vivi conforme os ditames da seita mais rigorosa de nossa religião.
6, Contudo, agora estou aqui para ser julgado por causa da esperança da promessa feita por Deus aos nossos antepassados.
7, Esta é a promessa que as nossas doze tribos esperam que se cumpra, cultuando a Deus com todo fervor, dia e noite sem parar. É precisamente por essa esperança que estou sendo acusado pelos líderes judeus.
8, Por que se julga inacreditável, entre vós, que Deus ressuscite os mortos?
9, Eu igualmente estava seguro de que deveria me opor ao Nome de Jesus, o Nazareno.
10, E foi exatamente assim que procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos chefes dos sacerdotes atirei muitos santos aos cárceres, e quando eram sentenciados à pena de morte eu sempre dava meu voto contra eles.
11, Várias vezes corri de sinagoga em sinagoga com o objetivo de castigá-los, e fazia de tudo para obrigá-los a blasfemar. Em minha fúria obstinada contra eles, atravessei terras estrangeiras para capturá-los.
12, Em uma dessas viagens estava me dirigindo para Damasco, com autorização dos chefes dos sacerdotes e por eles próprios comissionado.
13, Entretanto, por volta do meio-dia, ó rei, estando eu a caminho, vi uma luz do céu, muito mais brilhante do que o sol, resplandecendo em torno de mim e dos que caminhavam comigo.
14, E, caindo todos nós por terra, ouvi uma voz que me falava em aramaico: ‘Saul, Saul, por que razão me persegues? Porquanto resistires ao aguilhão só te causará sofrimento!’
15, Foi quando indaguei: ‘Quem és tu, Senhor?’ Ao que replicou o Senhor: ‘Sou Jesus, a quem tu estás perseguindo!
16, Agora, pois, levanta-te e apruma-te em pé. Foi para isso que te apareci: para te converter em servo e testemunha, tanto das maravilhas que viste de minha parte como daquelas que te manifestarei.
17, Irei livrar-te deste povo e dos gentios para os quais te envio,
18, para lhes abrir os olhos e os converteres das trevas para a luz, e do poder de Satanás para Deus, a fim de que recebam o perdão dos pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim’.
19, Sendo assim, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão clestial.
20, Preguei em primeiro lugar aos que estavam em Damasco, em seguida aos que estavam em Jerusalém e depois, em toda a Judeia e igualmente aos gentios, admoestando que se arrependessem e convertessem suas vidas para Deus, praticando obras que denotassem seu sincero arrependimento.
21, E foi por isso que, alguns líderes judeus me prenderam, estando eu no templo, e tentaram assassinar-me.
22, Todavia, tenho sido agraciado com a ajuda de Deus até o dia de hoje, e por essa razão, estou aqui e posso testemunhar tanto às pessoas simples como aos cultos e notáveis. Não estou dizendo nada além do que os profetas e Moisés nos advertiram que haveria de ocorrer.
23, Ou seja, como Cristo deveria sofrer, e como Ele seria o primeiro que, pela ressurreição dos mortos, anunciaria Luz a esse povo e, de igual modo, a todos os gentios”.
24, Todavia, enquanto Paulo apresentava sua defesa, Festo interrompeu o discurso e exclamou irritado: “Estás louco, Paulo! As muitas letras te fazem delirar!”
25, No entanto, Paulo argumentou: “Não estou enlouquecido, ó excelentíssimo Festo, muito diferente disto, estou declarando palavras verdadeiras e em pleno juízo!
26, Porquanto o rei, perante a quem falo sinceramente, compreende bem esses assuntos. E, por isso, não acredito que nada do que falei vos tenha escapado ao conhecimento; posto que esses eventos não ocorreram em um canto, às escondidas.
27, Acreditais, ó rei Agripa, nos profetas? Sei que credes!”
28, Então, o rei Agripa ponderou: “Crês tu que em tão pouco tempo podes persuadir-me a converter-me em um cristão?”
29, Diante do que Paulo declarou: “Seja em pouco ou muito tempo, suplico a Deus que não somente tu, ó rei, mas todas as pessoas que hoje me ouvem se tornem como eu, todavia, livres dessas algemas!”
30, Então, o rei se levantou, e com ele o governador e Berenice, seguidos de todos que com eles estavam assentados.
31, E, retirando-se do salão, comentavam entre si: “Este homem não fez absolutamente nada que merecesse prisão, nem muito menos à pena de morte”.
32, E aconteceu que Agripa confessou a Festo: “Este homem bem poderia ser posto em liberdade, caso não tivesse apelado para César”.
ATOS 27 – PAULO É ENVIADO A ROMA
1, Então, foi determinado que navegássemos para a Itália. Paulo e alguns outros presos foram entregues a um centurião chamado Júlio, que pertencia ao regimento imperial.
2, Embarcamos num navio de Adrimítio, que estava prestes a navegar para alguns portos pela costa da província da Ásia, e saímos ao mar. Estava conosco Aristarco, um macedônio de Tessalônica.
3, No dia seguinte, chegamos a Sidom, e Júlio, num gesto de bondade para com Paulo, consentiu-lhe que fosse visitar seus amigos e receber deles o suprimento de suas necessidades.
4, Partindo dali, fomos navegando próximo à costa norte de Chipre, porquanto os ventos eram contrários.
5, Havendo atravessado o mar aberto ao longo da Cilícia e Panfília, aportamos em Mirra, na Lícia.
6, Ali, o centurião encontrou um navio alexandrino que estava pronto a rumar para Itália e ordenou que embarcássemos nele.
7, Navegamos lentamente por muitos dias, e foi em meio a muita dificuldade que chegamos a Cnido; não nos permitindo os ventos prosseguir mais adiante, navegamos ao sul de Creta, defronte de Salmona.
8, E, enfrentando o mar e os ventos, costeamos a ilha até alcançar um lugar chamado Bons Portos, perto do qual ficava a cidade de Laseia.
9, Tendo perdido muito tempo, agora a navegação por aquelas águas tornara-se por demais perigosa. Eis que o Dia da Expiação já havia passado e, portanto, Paulo os advertiu:
10, “Senhores, antevejo que essa viagem será desastrosa, com avarias e muito prejuízo, não apenas em relação à carga e ao navio, mas também para nossas próprias vidas!”
11, Todavia, o centurião, em vez de dar ouvidos às palavras de Paulo, preferiu seguir as sugestões do piloto e do proprietário do navio.
12, Levando em consideração que o porto não era apropriado para passar o inverno, a maioria decidiu que deveríamos seguir navegando, com a esperança de alcançar Fenice e ali passar o inverno. Este era um porto de Creta, e que dava saída para sudoeste e noroeste.
O anjo fala a Paulo na tempestade
13, Soprando brandamente o vento sul, e acreditando eles haverem conseguido alcançar o que almejavam, levantaram âncoras e foram costeando Creta bem próximo da ilha.
14, Todavia, pouco tempo depois, desencadeou-se contra a ilha uma espécie de furacão conhecido como vento Nordeste.
15, E, sendo o navio lançado para fora de curso, e não podendo navegar contra o vento, nos rendemos à sua fúria; cessamos as tentativas de manobras e nos deixamos ser levados.
16, Passando ao sul e bem próximos de uma ilhota chamada Clauda, foi com extremo esforço que içamos a bordo o bote salva-vidas.
17, Conseguindo recolher o bote para dentro do navio, empregaram todos os recursos para reforçar a embarcação com cordas; e temendo que encalhasse nos bancos de areia de Sirte, baixaram as velas e largaram o navio à deriva.
18, Contudo, no dia seguinte, sendo violentamente castigados pela tempestade, começamos a atirar ao mar a carga do navio.
19, Ao terceiro dia, em meio à tempestade, com as próprias mãos, lançaram fora a armação do navio.
20, Nem sol, nem estrelas foram avistados por muitos dias. Aqueles ventos devastadores e o mar revolto abateram-se com ímpeto sobre nós a ponto de perdermos toda a esperança de sermos salvos.
21, E, após muito tempo sem comer, Paulo se pôs de pé no meio deles e admoestou-os: “Senhores, devíeis ter dado ouvidos aos meus conselhos e não ter saído de Creta naqueles dias, pois dessa forma teriam evitado este dano e prejuízo.
22, Entretanto, agora, exorto-vos a que tenhais bom ânimo, porquanto não se perderá vida alguma entre nós, mas somente o navio será destruído.
23, Pois ontem, durante a noite, apareceu-me um anjo do Deus a quem pertenço e a quem sirvo, e comunicou-me:
24, ‘Paulo, não temas! Eis que é imperativo que compareças diante de César, e, por isso, Deus, por sua graça, te concedeu a tua vida e a de todos os que estão navegando contigo’.
25, Portanto, senhores, tende coragem! Pois confio em Deus que tudo se cumprirá conforme me foi anunciado.
26, Certamente, seremos arrastados para alguma ilha”.
A palavra do anjo se cumpre
27, Chegou a décima quarta noite de agonia e continuávamos sendo impelidos pela tempestade no mar Adriático, quando, por volta da meia-noite, os marinheiros pressentiram que estávamos nos aproximando da terra.
28, Então, lançando a sonda, concluíram que a profundidade era de trinta e sete metros; pouco tempo mais tarde, lançaram a sonda uma vez mais e verificaram vinte e sete metros.
29, Temendo que fôssemos arremessados contra os rochedos, jogaram da popa quatro âncoras e começaram a rogar para que o amanhecer chegasse logo.
30, E aconteceu que alguns marinheiros, tentando escapar do navio, começaram a baixar o bote salva-vidas ao mar, a pretexto de lançar âncoras pela proa.
31, Então, Paulo declarou ao centurião e aos soldados: “Caso estes homens não permaneçam conosco a bordo, vós não podereis ser salvos!”
32, Diante disso, os soldados cortaram as cordas que prendiam o bote salva-vidas ao navio e o deixaram cair ao mar.
33, Logo aos primeiros sinais do alvorecer, Paulo insistia que todos voltassem a se alimentar, encorajando-os: “Hoje já é o décimo quarto dia que estais em vigília contínua e em absoluto jejum.
34, Eis que agora eu vos exorto a que comais algo, porquanto somente dessa maneira podereis sobreviver. Nenhum de vós perderá um só fio de cabelo!”
35, E, havendo dito isso, tomou pão e deu graças a Deus diante de todos. Em seguida, partiu o pão e começou a comer.
36, Num momento, todos se reanimaram e também se alimentaram.
37, Estavam a bordo duzentas e setenta e seis pessoas.
38, Depois de haverem comido até ficarem plenamente satisfeitos, aliviaram ainda mais o peso do navio, lançando todo o trigo no mar.
39, Quando se fez dia claro não reconheceram a terra, mas puderam avistar uma enseada, onde havia praia, e decidiram que o melhor seria tentar encalhar o navio ali.
40, Então, cortando as cordas que seguravam as âncoras, abandonaram-nas no mar, desatando ao mesmo tempo as amarras que prendiam os lemes. Em seguida, alçando ao vento a vela que restara na proa, foram conduzidos em direção à praia.
41, Entretanto, dando num lugar onde duas fortes correntes marítimas se encontravam, o navio encalhou em um banco de areia. A proa encravou-se e ficou imóvel, e a popa foi despedaçada pela força constante das ondas.
42, Então, os soldados resolveram matar os prisioneiros para impedir que alguns deles conseguissem fugir, atirando-se ao mar.
43, Contudo, o centurião, desejando poupar a vida de Paulo, os impediu de executar a ação proposta. E ordenou aos que sabiam nadar que se lançassem em primeiro lugar ao mar e rumassem em direção à terra.
44, Os demais deveriam seguir os primeiros e salvar-se com a ajuda de tábuas ou destroços flutuantes do navio. E, assim, ninguém se perdeu e todos chegaram a salvo em terra firme.
ATOS 28 – A SALVO EM MALTA
1, Estando a salvos em terra, soubemos que a ilha se chamava Malta.
2, Os habitantes da ilha demonstraram impressionante bondade para conosco. Prepararam uma fogueira e receberam bem a todos nós, pois estava chovendo e fazia bastante frio.
3, Enquanto Paulo ajuntava um feixe de gravetos e os lançava ao fogo, uma víbora, espantada com o calor, agarrou-se à sua mão.
4, Assim que os habitantes da ilha viram aquela cobra presa na mão de Paulo, comentaram uns com os outros: “Com toda certeza esse homem é um assassino, pois, tendo sido salvo do mar revolto, a Justiça não lhe permitiu continuar vivendo!”
5, Contudo, Paulo sacudindo a cobra no fogo, não sofreu mal algum.
6, Eles, porém, acreditavam que Paulo começasse a inchar ou que caísse morto de um momento para outro, mas, havendo esperado por muito tempo e observado que nada de anormal lhe acontecia, mudaram de opinião e passaram a exclamar que ele era um deus.
Públio hospeda Paulo e os irmãos
7, Nos arredores daquele lugar havia uma grande propriedade que pertencia a Públio, o principal da ilha. Ele nos convidou a ficar em sua casa e, por três dias, generosamente nos recebeu e nos hospedou.
8, Todavia, seu pai estava muito enfermo, acamado e sofrendo com febre e disenteria. Paulo, então, foi-lhe fazer uma visita e, logo depois de orar, impôs-lhe as mãos e o curou.
9, Havendo ocorrido esse fato, os outros doentes da ilha vieram também e saíram curados.
10, E eles nos prestaram muitas homenagens e honrarias e, quando estávamos prestes a embarcar, nos ofertaram todo o suprimento de que necessitávamos para a viagem.
Paulo chega a Roma e é preso
11, Passados três meses, partimos em um navio de Alexandria que invernara na ilha, o qual tinha como marca a imagem dos deuses gêmeos Cástor e Pólux.
12, E, chegando ao porto de Siracusa, permanecemos ali por três dias.
13, De lá, costeando, chegamos a Régio. No dia seguinte, soprando o vento sul, prosseguimos e conseguimos chegar a Potéoli no segundo dia.
14, Ali encontramos alguns irmãos, e fomos convidados a ficar com eles sete dias. Depois disso, partimos para Roma.
15, Os irmãos daquela região haviam recebido notícias de que estávamos para chegar e vieram até a praça de Ápio e às Três Vendas para nos encontrar. Assim que os viu, Paulo deu graças a Deus e sentiu no seu interior grande encorajamento.
16, Quando chegamos a Roma, Paulo recebeu permissão para morar por conta própria, porém, sob a vigilância e guarda de um soldado.
Paulo proclama Jesus em Roma
17, Depois de três dias, Paulo convocou os principais dentre os líderes judeus. E, reunindo-se com eles, declarou-lhes: “Caros irmãos, muito embora eu nada tenha feito contra o nosso povo, nem tampouco contra as tradições e costumes de nossos pais, fui preso em Jerusalém e entregue aos líderes romanos.
18, Eles, depois de me interrogarem, decidiram me libertar, porquanto eu não era culpado de crime algum que merecesse a pena de morte.
19, Entretanto, havendo os líderes judeus levantado protesto, fui obrigado a apelar para César, certamente não por ter qualquer acusação contra minha própria nação.
20, Por esse motivo vos convidei, para que os pudesse ver e conversar convosco. Porquanto, é pela esperança de Israel que estou preso a estas correntes!”
21, Então, eles lhe replicaram: “Ora, não recebemos nenhuma carta da Judeia falando a teu respeito, nem ao menos veio até aqui irmão algum que relatasse ou se queixasse de qualquer mal contra ti.
22, Ainda assim, gostaríamos de ouvir de ti mesmo o que pensas, pois sabemos que, por todo esse mundo, fala-se contra essa seita.
23, E, tendo eles marcado um dia, um grupo ainda maior de interessados foi à reunião com Paulo, em sua casa. Então, desde o início da manhã até o final da tarde, Paulo lhes deu todas as explicações e lhes testemunhou vivamente sobre o Reino de Deus, buscando convencê-los a respeito de Jesus, embasando seus argumentos na Lei de Moisés e nos Profetas.
24, Ao final, alguns foram convencidos pelos fatos que demonstrara, todavia, outros preferiram não crer.
25, Então, começaram a discordar entre si mesmos e foram embora, logo após Paulo ter feito esta declaração final: “Bem que o Espírito Santo comunicou aos vossos pais por intermédio do profeta Isaías:
26, ‘Vai a este povo e dize-lhe: Ouvindo, ouvireis, e de maneira nenhuma entendereis; e vendo, vereis, mas de maneira nenhuma percebereis.
27, Porque o coração deste povo se tornou insensível e com os ouvidos ouviram, porém sem dar atenção, e fecharam os olhos; para que não vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, nem se convertam e Eu os cure!”
28, Sendo assim, quero que estejais perfeitamente cientes, que esta Salvação de Deus está sendo enviada aos gentios, e eles a ouvirão!”
29, Então, logo depois de lhes admoestar dessa forma, os judeus se retiraram, debatendo acaloradamente entre si sobre o que ouviram.
30, Por dois anos completos, Paulo permaneceu na casa que havia alugado, e recebia a todos quantos o procuravam.
31, Pregava incansavelmente o Reino de Deus e ensinava a respeito do Senhor Jesus Cristo, com toda a liberdade, sem o mínimo impedimento.